Descaso da prefeita na manutenção da cidade é mais um gatilho para o mosquito da dengue
Com mais de 40 obras inacabadas, centenas de terrenos baldios, pátios e espaços públicos vazios, Campo Grande é hoje um lugar dos mais propícios para a disseminação de doenças. Três delas letais, como a dengue, causada pelo mosquito aedes aegypti, cujo principal ambiente de reprodução é exatamente o que a Capital sul-mato-grossense oferece em todas as suas regiões.
O desleixo com a manutenção – inexistente em alguns bairros, mal feita em outros – faz da cidade a imagem reveladora e triste do abandono, uma fotografia da gestão à qual está submetida. Há pouco, e só depois de vários dias de denúncias e reportagens, a prefeita Adriane Lopes (PP) fez o que não seria necessário se cuidasse bem das suas obrigações: mandou limpar a área onde fica a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Se a imprensa não divulgasse imagens e vídeos, seria muito difícil acreditar que justamente um órgão público responsável pela educação e formação das pessoas desde a infância, servisse de depósito de entulhos e até criadouro do aedes aegypti. Durante vários dias o lixo formado pelos entulhos de móveis inservíveis ficou esparramado no pátio da Semed.
DESMAZELO
Além da sujeira nos bairros, as obras inacabadas fazem de Campo Grande a Capital do desperdício, efeito de consecutivos desgovernos nestes últimos 10 anos. Sem planejamento, inepto na gestão e na formulação de políticas públicas estratégicas e prioritárias, o ciclo de Adriane Lopes no poder é marcado, basicamente, no exercício de uma gastança sem freios, vitaminada pela expectativa da reeleição.
Calcula-se que o déficit de pavimentação asfáltica nos principais eixos de fluxo viário seja superior aos mil km, uma distância equivalente entre as capitais sul-mato-grossense e a paulista. Núcleos habitacionais na periferia sonham – até agora inutilmente – com o benefício. A Nova Campo Grande espera por asfalto há 30 anos.
Diversas obras que a prefeita herdou e não conseguiu terminar estão no aguardo de soluções e investimentos de engenharia para que o dinheiro do contribuinte seja preservado. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) informa que existe um plano de conclusão e nele já foram selecionadas seis obras, com destaque para os corredores de ônibus.
No Jardim Noroeste, outro das centenas de bairros maltratados pela ausência do poder público, é proibido chover – porque quando isto acontece é um pandemônio para pedestres e veículos. Até a prestação de serviços urgentes, como os de saúde, ficam prejudicados. Não é raro ver ambulância e até viaturas de bombeiros com dificuldades para transitar nas ruas da região durante o período chuvoso.
O início do ano letivo foi retardado porque as obras de reforma de várias escolas ainda estavam em andamento. Unidades de saúde pública também precisam de reformas, revitalização e ampliação de serviços – e enquanto isso não é providenciado pessoas são judiadas nas longas filas de espera, inclusive com registro de óbitos e internação.