Mudança radical é questionada e a população quer saber qual foi o argumento para arrastar o ex-oposicionista
Em 2009, a presidência do Sisem (Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos Municipais de Campo Grande) deu a Marcos Tabosa a primeira investidura de peso em sua trajetória. E 11 anos depois, ao receber 2.199 votos, conquistava seu primeiro mandato de vereador, pelo PDT. E em um partido de tradição trabalhista, deu a entender que seria um defensor dos mais atuantes em defesa da população, sobretudo dos trabalhadores assalariados.
Ao longo de três anos, entre 2021 e 2023, Marcos Tabosa combateu ferozmente as gestões de Marquinhos Trad e de sua vice, Adriane Lopes, que é a prefeita desde abril de 2022. Contra ambos, principalmente Adriane, foi um cáustico opositor. Com frequência, ia a postos de saúde, escolas e ruas dos bairros para denunciar a precariedade dos serviços e, sem papas na língua, atacando e responsabilizando a prefeita.
Agora, em 2024, quando prefeita e vereadores entram em obsessiva busca da reeleição, Tabosa dá as costas à sua história de combativo sindicalista e vereador da oposição. Além de empobrecer o currículo, afunda no lamaçal da gestão adrianista. Troca o trabalhismo do PDT pelo clientelismo do PP de Adriane, tornando-se mais um fiel defensor do indefensável.
QUAL A VANTAGEM
Os campo-grandenses tentam saber ou entender a verdadeira razão pela qual Marcos Tabosa deixou de ser uma referência na luta sindical dos servidores explorados para ajuntar-se com os assessores de altos salários e fazer o jogo do patrão explorador, o Executivo Municipal. A sociedade que ontem tanto apoiou e deu ouvidos a Tabosa, agora quer dele as informações verdadeiras sobre os motivos e as vantagens desta mudança radical.
Ao submeter-se a uma condição das mais vergonhosas, ainda que seja legítimo o desejo de ter estrutura e meios para tentar a reeleição, Tabosa não se importa em ser outro personagem de si mesmo. Ao abraçar e respaldar o partido e a gestão de Adriane, ele põe de lado coisas muito recentes que o povo não esquecerá, como demonstram as dezenas de vídeos e entrevistas em que desqualificava a prefeita, tratando-a com adjetivos nada delicados.
“Incompetente. Irresponsável. Não consegue equilibrar as finanças”, bradava ele em 2022, ao cobrar de Adriane o atendimento às reivindicações da Guarda Civil. “A Guarda não tem culpa de sua irresponsabilidade. Está no PPA, está na LOA, a senhora tem que pagar a periculosidade. E a senhora teima em não pagar. A guarda tenta negociar, a senhora endurece, monta barricadas na frente da prefeitura dizendo que somos marginais. Queremos o que é nosso. A senhora emprega sua prima, sua cunhada e seus amigos de igreja pra receber altos salários, abandonando o servidor, que carrega a prefeitura nas costas”, disparava.
Nos bairros, em vídeos que ele mesmo gravava e distribuía, fazia todo tipo de críticas. “Que vergonha! Na Rua Teixeira da Silva, no Porto Belo, Cristo Redentor, região do Tiradentes. A prefeita abandonou a periferia. É uma vergonha!”. E prossegue, diante de uma rua em mau estado: “Avenida João Garcia de Carvalho Filho, no Estrela Parque. Pra dar R$ 2 milhões ao transporte coletivo, que é superavitário e tem lucro, a senhora é boa. Pra investir mais de R$ 7 milhões na Casa do Papai Noel e nas luzinhas de Natal a senhora é boa”.