Delegada diz que testemunhas presenciaram Natali sendo morta com 14 facadas
A quinta vítima de feminicídio de Campo Grande (MS) apenas em 2023, Natali Gabrieli da Silva de Souza, de 19 anos, foi morta com pelo menos 14 facadas, pelo seu companheiro Cleber Corrêa Gomez, 30 anos, no último sábado (01), no Bairro Parque do Lageado, região sul de Campo Grande. Segundo as delegadas da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o crime poderia ter sido evitado pelas testemunhas.
As delegadas Elaine Benicasa e Analu Ferra, relataram que o autor ficou em silêncio durante o interrogatório. “Ele optou por permanecer em silêncio quando conversamos com ele, mas outras testemunhas disseram que estava acontecendo uma festa na casa e todos ingeriam bebidas alcoólicas. Em certo momento, o casal começou a discutir, e durante a briga o autor chegou a quebrar o celular da vítima e a atingiu com uma garrafada na cabeça. Foi neste momento em que ela correu para a rua pedindo socorro”, afirmou a delegada Analu Fernandes, delegada responsável pela investigação.
A violência das facadas chamou bastante atenção das delegadas. “Cleber golpeou Natali com tanta violência que chegou a mutilar a jovem em diversas partes. Isto caracteriza crime de ódio. Testemunha relataram que ela pedia pelo amor de Deus para que ele parasse. Todas as pessoas que estavam em volta se tivessem agido de alguma forma, poderiam ter evitado”, disse Analu.
A delegada explicou que familiares relataram a polícia que o relacionamento de ambos era bastante conturbado, mas nenhum boletim de ocorrência foi registrado, no entanto, uma ex- companheira de Cleber já tinha procurado a polícia registrando um caso de agressão.
As investigações continuam. Os familiares de Natalia inda serão ouvidos, mas o irmão do autor disse para a polícia que a filha do casal, uma criança de 1 ano e 4 meses, não estava no colo da mãe, no momento do crime. O caso será apurado, já que pode modificar as investigações. “Vamos ouvir a família da Natali e outras testemunhas para termos certeza do que ocorreu. Neste momento é muito fácil culpar a vítima depois que tudo que aconteceu, mas não há nenhuma justificativa para se cometer um feminicídio”, destacou a delegada Elaine Benincase.
Desde o início do ano, cinco mulheres foram mortas na Capital por serem mulheres. Conforme a Lei 13.104/2015, conhecida como “Lei do Feminicídio”, esse crime é caracterizado por questões de gênero, quando a vítima é uma mulher e quando o crime envolver violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Dois dias antes do assassinato de Natali Gabrieli, Brenda Possidonio de Oliveira, de 25 anos, foi brutalmente assassinada por Lyennan Camargo de Mattos Oliveira, da mesma idade dela. Os crimes possuem características semelhantes: autores possuíam envolvimento amoroso com a vítima; filhos presenciaram o crime; as vítimas pediram socorro nas ruas.