Sem mobilização internacional, onda de violência e mortes no País fica longe de acabar
Apesar da prisão de dois suspeitos pela morte do promotor antimáfia César Suárez, o Equador ainda não pode respirar com tranquilidade. Para os especialistas, esta é uma das questões em que só uma efetiva e contundente mobilização internacional poderá interromper a onda de violências e mortes que fustiga o país, onde se instalaram facções do narcotráfico cujas bases estão principalmente no México.
Na última quinta-feira, 18, a polícia equatoriana deteve dois suspeitos do assassinato de Suárez, ocorrido na véspera. O promotor foi morto a tiros quando circulava em seu veículo num bairro do porto de Guayaquil. Suárez investigava o ataque armado ao Canal TC Televisión. No dia 09 de janeiro a emissora foi invadida por homens encapuzados e fortamente armados. Eles interromperam um programa transmitido ao vivo, agrediram e ameaçaram os jornalistas, sendo rendidos pela polícia horas depois.
ANTI-MÁFIA
O promotor era uma das autoridades mais empenhadas no combate aos responsáveis pela escalada sangrenta de violência, protagonizada pelas organizações de narcotraficantes ligadas a cartéis internacionais. Além dos assassinatos, os criminosos vinham operando em motins nas prisões, que causaram dezenas de mortes e resultaram na fuga de alguns dos líderes mais importantes do narcotráfico no País.
A resposta do governo foi mobilizar todas as forças de segurança e deflagrar operações espetaculares nas prisões e nas ruas, enquanto um toque de recolher noturno está em vigor. Durante a prisão dos suspeitos, foram encontrados fuzis, pistolas, munições, uniformes da agência de trânsito em Guayaquil e outras roupas. Suárez não tinha escolta policial permanente. No local do crime foram encontrados 18 indícios de disparos.
Entre os dias 9 e 18 destemes forças policiais e militares fizeram mais de 23 mil operações e prenderam 2.174 pessoas, das quais 158 acusadas de terrorismo. Também apreenderam cerca de seis toneladas de drogas. Diante dos rumores nas redes sociais sobre um suposto plano de envenenamento das tropas, os militares intensificaram os cuidados quanto ao consumo de alimentos.
Semanas antes do ataque violento, Salazar revelou os vínculos entre as gangues e os mais altos níveis de poder. A investigação “Metástase” acusou juízes, políticos, procuradores, policiais, um ex-diretor da autoridade penitenciária, entre outros, de beneficiarem organizações criminosas em troca de dinheiro, ouro, prostitutas, apartamentos e luxos. Suárez liderava investigações que revelaram a infiltração das máfias no sistema judicial e escândalos de corrupção na compra de material médico durante a pandemia de covid-19.