Ação judicial alega censura e interferência do ministro do STF em plataformas americanas
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tornou-se alvo de uma ação judicial nos Estados Unidos, movida pela Trump Media & Technology Group e pela plataforma de vídeos Rumble. A ação, registrada em um tribunal federal da Flórida, alega que Moraes teria violado a soberania norte-americana ao ordenar o bloqueio de contas de usuários em plataformas sediadas nos EUA, incluindo a Rumble.
A Trump Media & Technology Group, responsável pela rede social Truth Social, amplamente utilizada pelo ex-presidente Donald Trump, argumenta que as decisões de Moraes resultaram no bloqueio de diversas contas, incluindo a de um usuário “muito conhecido”. A empresa alega que tais ordens não possuem validade legal nos Estados Unidos e configuram uma tentativa de censura que fere a Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que protege a liberdade de expressão.
A Rumble, que fornece serviços de nuvem para a Truth Social, também é coautora da ação. A plataforma suspendeu suas atividades no Brasil no final de 2023, em resposta às ordens de Moraes que buscavam impedir a disseminação de notícias falsas na rede. A empresa argumenta que as medidas impostas pelo ministro poderiam prejudicar suas operações e representam uma interferência indevida em plataformas baseadas fora do território brasileiro.
Este processo ocorre em meio a investigações no Brasil envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As acusações incluem planos para envenenar Lula e assassinar o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro nega as acusações e busca apoio no Congresso brasileiro para evitar possíveis condenações e manter sua elegibilidade para as eleições presidenciais de 2026.
A ação judicial destaca as diferenças nas proteções à liberdade de expressão entre os Estados Unidos e o Brasil. Enquanto a Primeira Emenda dos EUA oferece uma salvaguarda robusta para a liberdade de expressão, a Constituição brasileira apresenta um quadro mais complexo, permitindo certas restrições, especialmente em casos relacionados à disseminação de desinformação e discursos de ódio. O desfecho deste processo poderá ter implicações significativas nas relações jurídicas e políticas entre os dois países.