Incumbido pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de comandar o núcleo central de inteligência da administração estadual, o titular da Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Eduardo Riedel, está confiante: a prolongada conjuntura recessiva e a crise provocada pela pandemia, embora implacáveis, serão vencidas por Mato Grosso do Sul.
“A nossa energia está direcionada para as tarefas mais urgentes, como a defesa de vidas ameaçadas pela pandemia e a manutenção das respostas sociais e econômicas que o Estado vem dando”, afirma. Ele cita, como exemplo de superação, o pagamento em dia dos compromissos do governo e os investimentos de R$ 4 bilhões em obras nos próximos dois anos.
O êxito de governança faz de Mato Grosso do Sul um estado-modelo no Brasil, graças aos desempenhos na superação de crises econômicas sucessivas, às soluções para problemas emergentes como a geração de empregos e a retomada do crescimento, a transparência e o combate à criminalidade.
Tudo isso se processa dentro de um planejamento que combina inteligência estratégica, conhecimento, experiência gerencial e sensibilidade política, predicados que Azambuja priorizou para compor seu staff. E nessas escolhas pôs no lugar certo o nome certo. Riedel é um acúmulo de qualificações técnicas, acadêmicas e políticas. É graduado em Ciências Biológicas com Bacharelado em Genética, tem MBA em Gestão Empresarial e mestrado em Zootecnia. Foi presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária) e do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae/MS (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Nesta entrevista exclusiva à Folha de Campo Grande, o secretário faz uma concisa avaliação sobre as vitórias já consolidadas do governo e os desafios que estão na agenda de Mato Grosso do Sul.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Seis meses de pandemia, de economia alvejada e estado de calamidade. Mato Grosso do Sul não entrou em paradeira e continua investindo. Como se opera este milagre?
EDUARDO RIEDEL – Estamos fazendo a coisa certa. Se as pessoas olharem para o conjunto da obra é possível ver que estamos tomando decisões e medidas necessárias desde janeiro, quando a pandemia eclodiu. Fomos um dos primeiros estados a abrir um Centro de Operações Emergenciais (COE) para controle da Covid-19. Daí em diante, fomos o tempo todo guiados pela ciência, adotando medidas importantes e protocolos de biossegurança para proteger a saúde das pessoas e não permitir o comprometimento da atividade econômica. Criamos o Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir), baseado em dez indicadores técnico-científicos definidos em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), para classificar os municípios em faixas de risco que indicam quais atividades econômicas podem funcionar sem implicar avanço da doença e o que se recomenda no momento. Por adotar medidas logo no início, ficamos muito tempo na liderança dos estados com menor número de contaminações e óbitos. E continuamos entre os que têm conseguido, até agora, controlar a pandemia. Investimos para garantir assistência médica especializada a quem precisa, aumentamos de forma exponencial os leitos de UTIs no Estado, somos o terceiro do Brasil que mais testa. Isso nos permite rastrear casos e conter surtos, como em Três Lagoas, Guia Lopes da Laguna, Bataguassu e Grande Dourados. De outro lado, conseguimos manter equilíbrio na manutenção das atividades econômicas para preservar empregos. Isto é mérito de um trabalho técnico, em equipe, afinado, com divisão de papéis e compartilhamento de responsabilidades.
FCG – O Prosseguir nasceu da crise da saúde ou já era uma formulação existente na estratégia de gestão?
ER – Nasceu como necessidade do Estado em meio à pandemia. Nós percebemos, na hora certa, que era inútil a polêmica em torno do “abre-e-fecha” da atividade nas cidades. Era preciso ter um instrumento capaz de diagnosticar a situação de cada município e recomendar medidas. Foi o que nós fizemos o tempo todo. Mesmo em um ambiente de emergência, formulamos rapidamente estratégias e iniciativas capazes de dar as respostas necessárias aos problemas e assim proteger a população. Tudo isso com muito equilíbrio, sem politização do tema e sem agressões desnecessárias. Fizemos tudo em parceria com as prefeituras e temos obtido um resultado muito bom.
FCG – O governo municipalista precisa de fôlego para atender 79 municípios. Como fazer isso diante
ER – Temos um governo único no Brasil. Enfrentamos diferentes crises brasileiras de uma forma muito diferente do restante do país. Nunca atrasamos salário nem deixamos de pagar o 13º. Cumprimos os compromissos rigorosamente, garantindo o funcionamento dos serviços públicos. Muitas pessoas não sabem, mas fomos um dos primeiros estados a vencer os efeitos da recessão nacional. Hoje somos o quarto estado que mais investe no país. Isso é fruto de trabalho sério, responsável, que trabalha com prioridades, qualifica o gasto público e respeita os direitos dos cidadãos, que entendemos como deveres do estado. Só para ter uma ideia, vamos investir, nos dois próximos anos, cerca de 4 bilhões de reais em obras, projetos e programas em Mato Grosso do Sul.
FCG – Ainda o coronavírus: o Estado já fez tudo que podia pra conseguir adesão maciça ao isolamento social ou há outros meios para barrar o avanço das contaminações?
ER – O Estado faz a sua parte com a máxima responsabilidade. Primeiro, acatamos a orientação geral, do STF, de que os municípios têm plena autonomia para decidir sobre o nível de restrições a adotar, caso a caso. De nossa parte, oferecemos subsídios e a experiência de uma equipe super qualificada para ponderar estas decisões. Mas, ao final, cada município decide o que fazer e o que não fazer. Tomamos as medidas recomendadas pela Ciência e especialistas todos os dias. Já foram mais de 150 medidas adotadas para conter a doença. Esforçamo-nos ao máximo para propagar as recomendações à população. Insistimos à exaustão, por exemplo, no isolamento social necessário e a adoção rigorosa dos protocolos de biossegurança.
FCG – Como o senhor avalia o papel da Assembleia Legislativa neste trecho tão complexo que o Estado atravessa?
ER – A Assembleia tem sido parceira permanente do estado em todos os momentos mais críticos que vivemos. Não só exercendo o seu papel de colaboração em ideias e iniciativas, mas também orientando recursos, por meio de emendas dos deputados, que têm nos ajudado a atender às inúmeras demandas das nossas cidades e da população.
FCG – O êxito da Segov na governança põe o senhor entre as principais opções do Estado para eventuais desafios políticos e eleitorais. Como vai tratar este chamado?
ER – É muito cedo para tratar deste assunto. Estamos centrados no trabalho, toda nossa energia está direcionada para as tarefas mais urgentes: estruturar nosso sistema de saúde para salvar vidas, amparar socialmente nossa população e manter a economia. Trata-se de uma crise não apenas de saúde, mas social também. O cidadão precisa ter atendimento médico da mesma forma que não podemos admitir que um pai ou mãe volte para casa com as mãos vazias, sem ter comida para colocar na mesa. Estamos agindo e lutando, sem descanso, para proteger nossa população sem esquecer dos mais vulneráveis. Acho que estamos evoluindo bem até agora e tenho fé que, em breve, vamos virar essa página triste da nossa história.