O Brasil, reconhecido como o maior produtor e exportador mundial de café, tem enfrentado desafios significativos em sua produção devido a condições climáticas adversas.
Eventos como secas e calor excessivo nas principais regiões cafeeiras reduziram a oferta do grão, impactando diretamente os preços ao consumidor. Em 2024, por exemplo, o preço do café registrou um aumento de 46%, conforme a pesquisa ‘Variações de Preços: Brasil & Regiões’, da Neogrid.
Importações de café: realidade e limitações
Embora o Brasil seja líder na exportação de café verde, o país também importa pequenas quantidades de café torrado para compor blends específicos. Em 2025, foram importadas 970,47 toneladas de café torrado, extratos, essências e concentrados de café, representando um crescimento de 19,4% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Comex Stat. A Suíça foi a principal fornecedora, respondendo por 39% dessas importações.
Contudo, especialistas apontam que aumentar significativamente as importações para conter os preços internos não é uma solução viável. Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, destaca que não há disponibilidade suficiente de café no mercado internacional que possa suprir a demanda brasileira a ponto de influenciar os preços. Além disso, o café é uma commodity com preços elevados globalmente, o que limita o impacto das importações nos preços domésticos.
Países de origem
O Brasil é o maior exportador mundial de café verde, não torrado, mas também importa pequenas quantidades de grãos torrados para a composição de alguns “blends”.
Em 2025, o país comprou 970,47 toneladas de café torrado, extratos, essências e concentrados de café, número que representa crescimento de 19,4% em relação a janeiro e fevereiro de 2024, conforme dados do Comex Stat, portal do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A Suíça, com 40%, foi quem mais enviou o produto. Veja abaixo a lista das principais origens do café importado:
Suíça: 39%
França: 21%
Estados Unidos: 10%
Espanha: 7,4%
Itália: 7,1%
Uruguai: 5,1%
Portugal: 2,5%
República Tcheca: 1,8%
México: 1,3%
Polônia: 1%
Holanda: 0,63%
Bélgica: 0,55%
Coreia do Sul: 0,44%
Reino Unido: 0,40%
China: 0,087%
Indonésia: 0,087%
Índia: 0,057%
Japão: 0,026%
Em relação ao café não torrado, a quantidade adquirida entre janeiro e fevereiro de deste ano foi 89,4 toneladas, redução de 54,4% em relação ao mesmo período de 2024, sendo que 96,8% é oriundo do México.
O preço no mercado para o consumidor
Em Mato Grosso do Sul a dona de casa quanto vai ao supermercado se assusta com o aumento de um pacote de 500g de café, que ano passado era comprado por R$16,00 e agora o preço oscila entre R$24,00 a R$34,00, podendo chegar em algumas marcas até R$45,00.
Medidas governamentais e perspectivas futuras
Em resposta à escalada dos preços dos alimentos, o governo federal anunciou, em 6 de março de 2025, a redução a zero das alíquotas de importação para nove produtos, incluindo o café. No entanto, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) considera essa medida ineficaz, uma vez que a importação de produtos de origem vegetal ou animal exige análises fitossanitárias rigorosas do Ministério da Agricultura e Pecuária. Assim, a simples redução da tarifa de importação não resulta necessariamente em benefícios imediatos para o mercado interno.
Diante desse cenário, espera-se que os preços do café permaneçam elevados no curto e médio prazo, refletindo os desafios na produção nacional e as limitações das importações como estratégia de controle de preços.