O embargo temporário afeta uma das maiores unidades da JBS, além da Frisa e Bon-Mart, enquanto setor avalia impactos e possível manobra comercial chinesa.


A China suspende importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros e ação pode ser para baixar o preço, apontaram analistas.
A China suspendeu a importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros nesta segunda-feira (03/03), atingindo uma das maiores plantas da JBS em Mozarlândia (GO), além de unidades da Frisa, em Nanuque (MG), e Bon-Mart, em Presidente Prudente (SP).
O embargo foi anunciado pela Administração Geral de Alfândegas da China, que alegou “não conformidades” nas unidades auditadas.
A suspensão é temporária e vale para embarques realizados a partir do dia 3 de março de 2025.
O Ministério da Agricultura do Brasil foi informado, mas ainda não se posicionou oficialmente. Contexto e possíveis impactos A medida faz parte de um movimento maior da China, que também suspendeu importações de frigoríficos da Argentina e do Uruguai.
Além disso, desde dezembro de 2024, o país asiático conduz uma investigação sobre a importação de carne bovina, analisando possíveis salvaguardas para reduzir a entrada do produto no mercado interno, onde os preços caíram significativamente.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina para a China, tendo enviado 1,1 milhão de toneladas em 2024, o que representa quase metade das importações chinesas do produto.
A decisão de Pequim gera preocupação no setor frigorífico, pois a habilitação para exportar à China é difícil de obter e o mercado chinês representa uma parte significativa do faturamento dessas empresas.
Possível motivação econômica Especialistas ouvidos pelo Notícias Agrícolas, acreditam que a suspensão pode ter um caráter estratégico por parte da China, que estaria tentando reduzir o preço da carne importada.
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, da SAFRAS & Mercado, a China costuma adotar esse tipo de manobra para renegociar contratos em momentos de excesso de oferta no mercado interno.
Hyberville Neto, diretor da HN Agro, reforça que a suspensão não deve afetar significativamente o volume total exportado pelo Brasil, pois existem outras 30 unidades habilitadas para vender ao país asiático.
No entanto, caso novos frigoríficos sejam suspensos, a situação poderá se tornar mais grave. Próximos passos O governo brasileiro e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) já estão mobilizados para entender os reais motivos da suspensão e buscar reverter a decisão.
A Abiec enviará representantes para Pequim na próxima semana para tratar do assunto diretamente com as autoridades chinesas.
Enquanto isso, o setor aguarda esclarecimentos sobre as “não conformidades” apontadas pelos chineses, bem como as exigências para que os frigoríficos possam retomar suas exportações.
A suspensão da compra de carne bovina brasileira pela China afeta diretamente grandes players do setor, como a JBS, e pode ter implicações econômicas importantes caso novas unidades sejam incluídas na restrição.
No entanto, a movimentação parece ter um fundo estratégico e econômico, com os chineses buscando renegociar preços diante de um mercado interno em baixa.
O desenrolar das negociações nos próximos dias será crucial para entender se o embargo será revertido rapidamente ou se poderá se estender, trazendo impactos mais severos ao setor frigorífico brasileiro.
Com informações do Compre Rural Notícias