Com opiniões divergentes dentro de seus próprios quartéis, os braços militares do País estão diante de um momento institucionalmente crítico e politicamente grave. Tanto nas Forças Armadas como na Polícia Militar de vários estados ecoam vozes que se dividem entre as teses de ataque às instituições e os apelos para que se evite qualquer hipótese de ruptura institucional. No meio de tudo isso, as expectativas dos brasileiros e dos democratas se revigoram para não permitir que as nuvens ameaçadoras de um golpe ou de uma solução de força prevaleçam.
Um sinal alentador foi dado pelas forças militares que cuidam da segurança do Congresso e da Esplanada dos Ministérios. Estão em estado de alerta para prevenir e impedir possíveis atos violentos no feriado da Independência, em Brasília. A operação começou após a investigação a respeito de postagens e vídeos, publicados nas redes sociais nos últimos dias, que incitam a população a praticar atos criminosos e violentos às vésperas do feriado.
Como medida de segurança, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão, atendendo a um pedido da subprocuradora Lindôra Araújo, da Procuradoria-Geral da República (PGR). Políticos, cantores, blogueiros e empresários estiveram na mira da Polícia Federal. Entre eles, o cantor e ex-deputado Sérgio Reis. Ele está sendo investigado por convocar uma manifestação de caminhoneiros em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, com cobrança ao Congresso para derrubar todos os ministros do STF e pedidos de uma ação militar no país.
GENERAIS
Entretanto, tem gente condecorada que, de seu jeito, faz algo semelhante ao que fez o cantor sertanejo. É o caso do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Ele afirma que a interferência das Forças Armadas no sistema democrático brasileiro atual pode ocorrer. “O artigo 142 é bem claro, basta ler com imparcialidade. Se ele [o artigo] existe no texto constitucional, é sinal de que pode ser usado”, diz. E vai além: ao ser questionado se o STF é sinônimo de insegurança jurídica, Heleno salienta que as atitudes de alguns ministros extrapolam os limites da Constituição.
Santos Cruz defendeu uma “reação forte” da sociedade e das instituições contra as ameaças feitas pelo chefe do Executivo à democracia e às instituições. Em 2020 o oficial criticou o uso de imagens de militares na convocação de um ato pró-governo. Na época, enfatizou que seria “distorção ou falta de capacidade política” usar as Forças Armadas para ataques políticos.
POLÍCIA MILITAR
Em alguns estados, comandantes e oficiais da ativa e da reserva da PM apoiam e divulgam os atos de 7 de setembro com discursos agressivos contra o STF e o TSE. Em São Paulo, o coronel Aleksander Lacerda foi afastado da PM após fazer convocação para as manifestações bolsonaristas. Outro coronel da PM paulista a convocar apoiadores de Bolsonaro às manifestações é Homero de Giorge Cerqueira.
No Ceará, o coronel da reserva do Corpo de Bombeiros no Ceará Davi Azim, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, divulgou um vídeo convocando
Em Mato Grosso do Sul o coronel da reserva Carlos Alberto David dos Santos, o Coronel Davi, deputado estadual bolsonarista e ex-comandante da PM, deu sua opinião a favor dos arroubos bolsonaristas. Votou contra uma moção de apoio ao Supremo Tribunal Federal apresentada pela bancada do PT e disse, referindo-se ao Supremo: “Esse poder já ultrapassou os poderes legais da tolerância do povo brasileiro. Povo que vai às ruas no dia 7 de setembro para mostrar realmente quem é que manda no país. O artigo 1º está lá bem claro: O poder emana do povo! E o povo no dia sete vai mostrar quem manda no Brasil”.