Sem conseguir o consenso esperado em sua futura bancada na Assembleia Legislativa, o PSDB manteve a indicação do deputado estadual Paulo José Araújo Corrêa para disputar a presidência da Casa para o biênio 2019/2021. O parlamentar reuniu três dos cinco votos possíveis em uma disputa que acabou concentrada entre ele e o colega Onevan de Matos, que insistiu até a última hora e teve apenas o próprio apoio. Felipe Orro não participou do encontro por cumprir compromissos no interior do Estado.
Superada a indicação, Corrêa recebeu o aval tucano para encaminhar a construção de uma chapa que agregue os 13 votos necessários para a eleição da Mesa Diretora – em fevereiro de 2019, logo após a posse dos eleitos –, tendo em seu favor a tradição de a maior bancada eleita no Legislativo também fazer o presidente. Contudo, o número de partidos indica a possibilidade de disputa tanto pelo comando como por outros cargos de direção interna. A primeira secretaria, responsável pela administração financeira da Casa, já interessa aos dois deputados do DEM.
Paulo Corrêa recebeu o próprio voto e o dos colegas Professor Rinaldo, que já havia sinalizado apoio ao agora candidato, e Marçal Filho. Onevan, que não participou do anúncio, esteve no diretório para deixar seu voto, segundo informou o presidente regional do PSDB, o também deputado estadual Beto Pereira. Dirigente tucano, Sérgio de Paula acompanhou o anúncio.
“Em uma decisão que contou com a ampla maioria, foi escolhido pela bancada e será indicado pelo PSDB para disputar a presidência da Assembleia o deputado Paulo Corrêa. A partir de agora, ele deixa a espera partidária para iniciar as tratativas com os demais partidos para a composição da chapa que, neste momento, ele passa a encabeçar”, destacou Beto, frisando que “a partir de agora ele (Corrêa) comanda o processo dentro da Assembleia Legislativa”.
COMPROMISSO
O presidente ainda destacou que, há duas semanas, os membros da futura bancada tucana fecharam acordo de que, independentemente do resultado da votação, o partido marcharia unido em torno de Corrêa.
“Não foi um compromisso meu, foi avençado entre os cinco parlamentares que aqui estavam. Então, aquilo que foi combinado eu espero que seja cumprido”, pontuou, reconhecendo que, “quando existe uma disputa, pode ficar alguma mágoa, fissura, mas espero que isso seja reparado o quanto antes pelo bem do partido e pelo acordo feito anteriormente”.
Apontado como voto decisivo em favor de Corrêa, Marçal Filho disse que via tanto no vencedor como em Onevan bons nomes para comandar a Assembleia. “Mas decidi pelo Paulo Corrêa por entender o sentimento do partido e de futuros colegas”, pontuou.
Indicado candidato, Paulo Corrêa agradeceu os votos que recebeu, a direção do PSDB e ao governador Reinaldo Azambuja, que havia dito deixar o processo na mão do partido. “Agora começo a buscar outros partidos para composição”, disse ele, reforçando estar em seu sétimo mandato e já ter atuado como primeiro secretário da Casa.
Corrêa afirmou que pretende costurar uma chapa “plural e democrática”, admitindo até abrir mão de outras vagas para o PSDB na Mesa Diretora em torno de um consenso. “O PSDB quer espaços, mas eu estando na presidência já contempla o partido e abre caminho para essa composição”.
DISPUTAS
Ainda segundo Paulo Corrêa, depois de ser indicado pelo PSDB, o passo seguinte é aguardar a diplomação dos eleitos, em 14 de dezembro, e ampliar conversas já iniciadas informalmente visando a formação da chapa.
O PSDB, com cinco deputados, será a maior bancada da Assembleia, e seus membros já deixaram claro que não vislumbram a possibilidade de não presidir a Casa. Historicamente, a maior bancada eleita sempre presidiu o Legislativo – Junior Mochi é um exemplo, já que o MDB elegeu a maior bancada em 2014, mas acabou superado pelo PSDB graças a trocas partidárias.
A partir de 2019, serão dez partidos representados na Casa, cenário que vem animando aproximações entre adversários do PSDB – como MDB e PT, que ensaiam a formação de um bloco para pleitear vagas na Mesa Diretora – ou mesmo partidos que disputaram a eleição aliados aos tucanos. O Capitão Contar, do PSL, por exemplo, já sinalizou disposição de concorrer à presidência da Casa de Leis. “Respeitamos todas as candidaturas, que são legítimas. Quem conseguir o maior número de apoiadores, será eleito”, destacou Paulo Corrêa.
Além da presidência, a Mesa Diretora é composta por três vice-presidências e três secretarias. A primeira, atualmente, é exercida pelo deputado Zé Teixeira (DEM), que insiste em continuar no cargo e vê o colega de bancada José Carlos Barbosa manifestar interesse no posto, que também interessa a outros grupos. A expectativa, dadas as eleições internas anteriores na Casa, é que se busque consenso nas demais vagas de direção.
MDB
O MDB, partido com a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa, declarou apoio à candidatura de Paulo Corrêa (PSDB) para presidente da Casa de Leis. Os emedebistas fecharam acordo com o candidato para ficar com a vice-presidência e indicaram Eduardo Rocha para a “chapa”.
O acordo foi fechado durante reunião entre Rocha, Corrêa, Marcio Fernandes e Renato Câmara – os dois últimos do MDB – na sala do candidato a vice.
“A melhor alternativa neste momento é o Correa, porque além de ser competente tem a maior bancada e o apoio do governo”, afirmou Rocha.