Parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado Federal identificaram gastos milionários para a produção de vídeos por várias produtoras contratadas pelo governo federal com verba destinada ao combate da Covid-19. As irregularidades vão desde a cobrança de serviços que não foram prestados, passando por altos salários e número elevado de profissionais, equipamentos pagos e que não foram utilizados e a cobrança de valores muito acima dos de mercado. Os valores gastos pelo governo federal em seis peças publicitárias chamaram a atenção.
As descobertas do deputado Elias Vaz (PSB/GO) e do senador Jorge Kajuru (Podemos/GO) foram feitas no Portal da Transparência. Demonstram que o governo despendeu altos valores em publicidades sem imagem de celebridades ou sem o uso de obras protegidas por direitos autorais que justificasse custos elevados. Os parlamentares apontam que há indícios de superfaturamento na contratação dos serviços e produtos.
Em um dos comerciais, sobre a retomada das atividades econômicas na pandemia, a produtora dos filmes convidou pequenos empresários – ao menos uma delas assumidamente apoiadora do governo – para participar do filme. O gasto com os seis protagonistas e 11 figurantes, próximo a R$ 38 mil, causa espanto quando se compara à despesa com o pessoal técnico. Foram contratadas 115 pessoas para uma produção de 30 segundos, ao custo de R$ 517,8 mil.
Em outro vídeo, de responsabilidade da Constelação Filmes, os 30 segundos também foram alvo de investigação, com 73 pessoas envolvidas na gravação, por um custo de R$ 505,7 mil. Há remunerações elevadíssimas como o caso de um diretor que recebeu R$ 75.000,00 por três diárias. Há outras descobertas que envolvem peças publicitárias. Uma incluiu quatro figurinistas para cuidar das roupas de seis figurantes.