Os ex-prefeitos de Campo Grande com planos para 2018 devem estar avaliando criticamente, e com absoluta convicção, quais as chances que terão nas disputas, em campanhas e palanques onde os fatos desabonadores de sua trajetória terão diante do eleitor um peso semelhante ao de suas virtudes.
Que os desgastes são reais, não há dúvidas, nem mesmo para boa parte de seus próprios correligionários, amigos e aliados. De olho no vácuo a ser aberto com a provável retirada de cena de ex-prefeitos que se tornarem inelegíveis ou desistirem de disputar, gestores do interior se entusiasmam com a possibilidade de ocupar os vácuos a ser abertos.
Um dos nomes interioranos que vem ganhando evidência é o de Waldeli dos Santos Rosa, que está em seu terceiro mandato de prefeito em Costa Rica. Filiado ao PR por uma contingência inusitada que o levou a deixar o PMDB para concorrer à Prefeitura, desdobra-se para ser a solução do grupo de André Puccinelli, caso o ex-governador peemedebista fique fora da disputa do Governo. Waldeli avança otimista com a credencial de boas médias de desempenho administrativo, bom trânsito pluripartidário e o estímulo do próprio Puccinelli. Só não se sabe ainda se esse apoio será benéfico ou prejudicial, já que prestígio e desgaste andam juntos nos passos do ex-governante.
O ex-prefeito Paulo Duarte (PDT), de Corumbá, é nome carimbado para ir às urnas no próximo ano em busca de uma cadeira de deputado estadual. Não conseguiu se reeleger prefeito, porém o insucesso não esvaziou seu patrimônio político e eleitoral. Comenta-se que estaria tentado a filiar-se ao PMDB para atender pedido de Puccinelli. De qualquer forma, a certeza que tem é de jamais retornar ao berço partidário que o projetou, o PT, embora ainda conserve na legenda muitos amigos e seguidores. Hoje, presta serviços à presidência da Assembleia Legislativa em cargo de confiança.
Com 9.807 votos nas eleições de 2014, Dirceu Lanzarini, então no PR, ficou longe de uma vaga de deputado estadual. No próximo ano vai tentar outra vez, contando com a experiência de três mandatos de prefeito em Amambai e de secretário da Juventude e presidente da Fundesporte (no governo Puccinelli). Em março deste ano assumiu a coordenadoria regional sul do Estado, nomeado pelo governador Reinaldo Azambuja. Em 2015 o Tribunal de Contas reprovou os balancetes de sua gestão na Prefeitura de Amambai em 2012. Em 2008 o TCE já o havia condenado a devolver R$ 21,6 mil de um convênio em que era ordenador de despesa.
SEM SUCESSOR
O ex-prefeito de Dourados Murilo Zauith (PSB) não fez questão de lançar um candidato à própria sucessão. Em janeiro deste ano, mandato concluído, entregou o cargo a Délia Razuk (PR), afiançando que voltaria para cuidar da casa e dos negócios – é um bem-sucedido empresário, especialmente no segmento da educação. No entanto, permanece ligado à política e vem conversando com segmentos que consideram viável projetá-lo como solução da Grande Dourados para uma chapa majoritária em 2018, de preferência para o Senado. Sem ter indicado seu sucessor e desprovido da indispensável cobertura política da segunda maior prefeitura sul-mato-grossense, as dificuldades serão bem maiores.
Os ex-prefeitos de Ponta Porã – Flávio Kayatt, do PSDB – e de Três Lagoas – Márcia Moura, do PMDB – inicialmente estão ao largo das especulações sobre os nomes que estarão em cena no próximo pleito. Kayatt sonha com uma vaga no Tribunal de Contas e não demonstra interesse em reeleição. Márcia foi golpeada duramente pelos abalos que sacudiram sua gestão, a ponto de não ter encontrado suporte necessário para controlar o processo de sua sucessão, nem mesmo com apoio da “madrinha”, a senadora Simone Tebet, de quem foi vice-prefeita.