A Associação Corumbaense das Empresas Reunidas de Turismo (ACERT), que agrega os operadores de barcos-hotéis e hotéis da Capital do Pantanal, maior destino de pesca esportiva de Mato Grosso do Sul, apoia a iniciativa do governo de Mato Grosso de proibir o transporte e comercialização do pescado na bacia do Rio Paraguai por cinco anos.
Para o presidente da entidade, empresário Luiz Antônio Martins, a decisão do estado vizinho deveria ser seguida pelo governo de Mato Grosso do Sul. “A lei deveria ser única, não apenas pelo fato de ser apenas um ecossistema, mas porque a medida deu certo em Goiás, onde a pesca esportiva continua em alta e os ex-pescadores profissionais hoje tem uma profissão digna”, disse.
O empresário visitou recentemente os destinos de pesca no estado goiano e constatou o sucesso ambiental, econômico e social com a proibição da comercializado do pescado. “Conversei com os guias de pesca, que eram pescadores profissionais, eles não querem retornar ao passado de extrativismo, tem bons salários e melhoraram de vida”, observa.
Martins ressalva que, ao contrário dos goianos, a grande maioria dos pescadores profissionais do Estado, em especial os de Corumbá, não tem qualidade de vida e são explorados por atravessadores. Citou a lei do transporte zero em Mato Grosso, onde é garantido ao pescador profissional um salário mínimo por três anos, período em que será capacitado para exercer uma profissão remunerada.
Se tem peixe, tem turista
“Tem muita gente se aproveitando dessa situação dos nossos pescadores profissionais, cria-se uma falsa imagem de que são protegidos, quando, na verdade, muitos não exercem a atividade e exploram quem realmente precisa e depende da pesca para sobreviver”, critica. “Já os guias de pesca, que pagam impostos, não têm o salário defeso do governo nos quatro meses de piracema.”
Segundo o presidente da ACERT, a proibição da comercialização do pescado no Pantanal vai muito além da proteção do estoque pesqueiro, quando corrige distorções sociais que implicam no modo de vida dos pescadores profissionais, os quais terão uma qualificação profissional e emprego. “Serão absorvidos pelo próprio mercado do turismo, como ocorreu em Goiás”, diz.
Martins destaca que os associados da ACERT estão na vanguarda da sustentabilidade da pesca esportiva ao aderirem ao peque-solte no Pantanal, hoje quase uma unanimidade entre os amantes desse esporte. “Se tem peixe, temos o turista, que fica satisfeito ao fisgar e fotografar o seu troféu e com o atendimento nos barcos, onde oferecemos um serviço de qualidade”, completa.
O empresário lamenta o uso de petrechos nocivos nos rios pantaneiros pelo extrativismo, como o anzol de galho, joão-bobo e o espinhel disfarçado, enquanto setores ambientalistas miram apenas a pesca esportiva, que hoje forma uma corrente de proteção à ictiofauna. “Nosso meio ambiente é vulnerável, não conseguimos repor o estoque de peixes com a pressão da pesca predatória”, comenta.