Homem que foi preso em Campo Grande por manter esposa em cárcere, ameaçar com tesoura e até jogar botijão de gás em policiais tem ficha extensa. Há 19 dias chegou a ser preso, e acabou solto pela Justiça
O homem de 29 anos preso na noite deste sábado por manter uma mulher em cárcere privado, sob ameaça de tesoura, em Campo Grande, é um antigo frequentador dos ambientes policiais. Há apenas 19 dias, tinha sido preso por guardas civis metropolitanos, depois de uma denúncia de violência doméstica que acabou se transformando em flagrante por tráfico de drogas e desacato.
No mês passado, ele ficou apenas dois dias na cadeia. Na audiência de custódia, o juiz decidiu soltá-lo, sob alegação de não haver elementos suficientes para manter a prisão.
No despacho, o juiz Albino Coimbra cita que os agentes de segurança pública foram chamados para atender uma denúncia de violência doméstica, por uma mulher que se identificou como parceira do investigado.
Primeiro, os guardas foram a uma escola municipal infantil e depois a uma casa no Jardim Noroeste, onde o casal vivia, segundo a mulher. Lá, estavam duas crianças.
Conforme o relato policial de então, o homem estava no local, bastante alterado, e chegou a ofender os guardas, afirmando ser de uma facção criminosa e ter “homicídio nas costas”.
A mulher disse que ele comercializava entorpecentes no lugar. Ela mesma entrou na casa e quebrou um vaso de onde tirou oito papelotes de cocaína e entregou à equipe da Guarda, que levou o indivíduo preso por tráfico e pelo desacato.
Na avaliação do juiz, a condução do flagrante não foi adequada, pois a denunciante sequer foi ouvida sobre violência doméstica e foi ela quem entregou a droga.
“O que há contra o custodiado até o momento é uma mera suspeita da prática de um delito, porém sem nenhuma evidência concreta da realidade da autoria”, escreveu.
“Nessa condição e nessas circunstâncias, a decisão é de relaxamento da prisão em flagrante, uma vez que não há elementos para sustentar uma coisa ou outra. Ademais, o custodiado afirma que é casado com outra pessoa”, afirmou Juiz Albino Coimbra Neto em decisão.
Para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o flagrante deveria ter sido mantido. A defesa pediu soltura, ou pelo menos a aplicação de medidas cautelares diversas do encarceramento.
A prisão foi em 20 de fevereiro e a soltura em 22 de fevereiro.
De novo
No sábado (9 de março), o homem voltou a ser denunciado por agressão à companheira, em apartamento no bairro Paulo Coelho Machado.
A mulher descreve que estava deitada para dormir, quando foi surpreendida pelo companheiro por volta de 00h. “Entrou em um surto afirmando que tinha alguém querendo matar ele. Então pulou em cima de mim com a tesoura no meu coração, forçava na minha carne, mas não chegou a cravar”.
Foi o próprio autor que ordenou a vítima chamar o bombeiro porque não estava bem. “Liguei três vezes falando da situação e os bombeiros chamaram a polícia. Minhas filhas estavam dormindo, não viram nada porque eu não gritava, ele [autor] pedia silêncio”, lembra.
Dessa vez, foi preciso até um negociador, diante de estar ameaçando a mulher com uma tesoura. Chegou a jogar um botijão de gás nos policiais, antes de se render.