Biden evitou qualquer contato com presidente brasileiro desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro de 2021
Diferentes no estilo e na visão política, os presidentes Jair Bolsonaro e Joe Biden terão seu primeiro encontro nesta quinta-feira, 9, em Los Angeles. Se tudo der certo nas previsões do Itamaraty e da Casa Branca, o encontro será lembrado apenas pela foto dos dois presidentes juntos. A reunião foi articulada às pressas e não houve a costura de uma agenda comum.
Biden evitou qualquer contato com Bolsonaro desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro de 2021, mas se dobrou à ideia de um encontro bilateral com o brasileiro na iminência de sediar uma Cúpula das Américas esvaziada. Garantir a reunião foi a forma como encontrou para atrair Bolsonaro, que até então se sentia desprezado pelo americano.
Uma extensa lista de tópicos é mencionada por diplomatas brasileiros quando o assunto é o encontro bilateral, mas os aliados de Bolsonaro sabem que o que pode render manchetes é a conversa sobre eleições no Brasil. Bolsonaro coloca em xeque a legitimidade da eleição de Biden, como cópia do discurso de seu ídolo, o ex-presidente Donald Trump. Também seguindo o exemplo do republicano, o presidente brasileiro ataca o sistema eleitoral do Brasil, o que preocupa a Casa Branca.
Nos anos em que Trump era presidente, Bolsonaro teve três amigáveis reuniões com o americano, incluindo uma recepção oficial na Casa Branca, algo que Biden nunca ofereceu.
ELEIÇÕES
De nenhum dos lados há a expectativa de que seja um encontro de “caneladas”, mas Biden não deve se furtar aos assuntos incômodos, segundo a Casa Branca. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, afirmou ontem que o americano tratará da questão de eleições “abertas, livres, justas, transparentes e democráticas” no Brasil. Parlamentares do Partido Democrata e ativistas ainda pedem que Biden cobre Bolsonaro um posicionamento a respeito do desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia.
A Casa Branca também quer tratar da questão ambiental, cara ao governo Biden. Segundo Sullivan, é uma área onde pode haver progresso concreto na relação entre os dois países. Diplomatas próximos a Bolsonaro dizem que o presidente está pronto para comentar bons resultados do Brasil na questão, adotados desde abril do ano passado, após pressão dos americanos pelo compromisso com metas concretas para reduzir o desmatamento. Diplomatas brasileiros argumentam que a reunião poderia desfazer a imagem de que Bolsonaro é um pária internacional.