Convém, antes de qualquer avaliação precipitada, considerar que os tempos são outros. Hoje, para combater o crime, as condições são bem diferentes daqueles dias idos em que para capturar um delinquente as forças de segurança só contavam basicamente com suas armas e equipamentos, precários quase sempre, e, sobretudo, a perspicácia de seus efetivos. Perspicácia, claro, numa soma de inteligência, dom, visão, faro e intuição.
O talento para seguir uma carreira policial nunca foi suficiente, por si, para garantir excelentes profissionais. Era, é e será sempre fundamental ter vocação e amor no exercício dessa atividade de extremo risco. E o coronel Adib Massad foi um dos maiores exemplos dessa afirmação. As complicações de saúde, agravadas pela avançada idade, fizeram aquilo que as armas de fogo e de metal não lograram incontáveis vezes: derrubar o velho e jovial Adib.
A lendária figura da Segurança Pública estadual (antes e depois da divisão) fechou seus olhos pela última vez nesta quarta-feira (3). Tinha 91 anos e foi até os seus últimos dias um combatente fervoroso em defesa dos ideais que perseguiu durante sua existência de cidadão, pai, filho e policial militar.
Evidente, sim, que nunca ficou e nem ficará, mesmo postumamente, isento de questionamentos quanto aos métodos que empregava na incansável atividade de combate ao crime e aos criminosos. Forjado nas lides duríssimas e nem sempre regulamentares nos tempos de lei no papel e lei no coldre, entendia ser necessário certas vezes desviar-se do protocolo das abordagens clássicas e cumprir as batidas policiais a seu modo, especialmente contra infratores de alta periculosidade.
Não há como negar que, a par dos questionamentos, o coronel Adib era visto pela grande maioria da população como um símbolo de segurança, uma espécie de guarda doméstico da tranquilidade e da proteção das pessoas e seus patrimônios.
Que o legado de Adib Massad no exercício vocacionado e comprometido de sua profissão sirva de mostruário aos que já estão ou queiram ingressar na carreira. É uma expectativa mais por essa condição de sentimento, consciência e escolha, não relacionada a eventuais ou discutíveis métodos que eventualmente sejam adotados nos moldes passíveis de questionamento.
Ao velho, exemplar e querido Coronel Adib, as merecidas homenagens.