A primeira temporada de Criadas por Lobos (Raised By Wolves) da HBO Max é cautelosa no seu ritmo, mas ainda é cheia de ação e algo que todos os geeks de ficção científica vão adorar! Sem mencionar que o suspense vai fazer você implorar pela segunda temporada.
No mundo de Criadas por Lobos os personagens tentam entender o mundo sombrio e aterrorizante ao seu redor voltando-se para histórias antigas em vez de alguma evidência científica. Para os Mitraicos, essas histórias são sobre a adoração de um criador que eles chamam de Sol, uma entidade que eles insistem ser a força motriz benevolente por trás de sua missão, não importa o quão terríveis e estranhas as coisas se tornem em Kepler-22B – o lugar onde querem construir um “novo” mundo. Só que lá, antes deles já chegaram Mãe (Amanda Collin) e Pai (Abubakar Salim) com alguns embriões, e eles tentarão criar os filhos com uma história diferente, mesmo se acabarem sendo vítimas da mesma fé cega em sua compreensão da “missão”. Em especial a fé da Mãe no seu criador ancião ateu que a transformou de uma máquina de guerra em uma mãe emocionalmente engajada, cega em seu julgamento, tornará impossível para ela ver como suas escolhas estão colocando sua família em risco.
E para melhorar o drama, estão infiltrados com os Mitraicos dois impostores Ateus que deveriam ficar na Terra, Marcus (Travis Fimmel, o Ragnar de Vikings) e Sue (Niamh Algar). Eles roubaram a identidade de um casal Mitraico, e o filho deles, para ter acesso a Arca que iria para Kepler-22B.
A série pode ser melhor entendida como alegoria, e o episódio “O Início”, confirma que uma forma que os espectadores podem entender o que acontece com a Mãe e Pai é uma espécie de queda em desgraça.
Kepler-22B não é o novo Jardim do Éden e a curiosidade de Mãe pela máquina Mitraica que ela encontra, faz com que ela seja infectada por algum tipo de vírus malicioso, e o bebê que ela carregava dentro dela, que as crianças religiosas da Terra veriam como um presente sagrado do Sol, e os ateus veriam como um crescimento maravilhoso da tecnologia, acaba se transformando numa cobra horrível.
O mundo de Criadas por Lobos é muitas vezes assustadoramente desolador e parte dessa sensação, deriva da atuação fenomenal da Mãe. Com seu corte de cabelo de duende e traços delicados que podem suavizar e rosnar quase ao mesmo tempo, Amanda Collin se parece com Mia Farrow em O bebê de Rosemary. Na verdade, o nascimento do bebê cobra é totalmente horripilante, não apenas a forma como a serpente escapa de sua boca, mas a forma como ela se aninha assustadoramente dentro dela, sugando seu seio como um parasita.
A história explora como as coisas que veremos acontecer repetidamente em Kepler-22B não são aleatórias e nem o resultado de um Sol benevolente. Apesar de seus sistemas de crenças diferentes, tanto os Mitraicos quanto os Ateus acreditavam que os humanos eram basicamente o centro do universo. Os espectadores serão envolvidos nesta visão míope de mundo, pois temos lutado para dar sentido a uma teia cada vez mais bizarra e complexa de pistas misteriosas que continuamos tentando organizar em algum tipo de estrutura coerente. Teremos aqui uma ideia muito mais sinistra: que qualquer ser consciente que esteja brincando com intrusos humanos ou andróides, está na verdade desinteressado em suas motivações. Em vez disso, a estranha e poderosa força que move este planeta novo está simplesmente aproveitando as esperanças e sonhos de sua presa em um esforço para esculpir uma nova vida.
Em outras palavras, a natureza tem um curso que pouco tem a ver com as pessoas. Na verdade, essa nova humanidade é tão sem importância no mundo de Keppler-22B que está literalmente se transformando em estranhas criaturas. Só o tempo dirá se o sacrifício da Mãe e do Pai foi realmente no melhor interesse de seus filhos, e se a fé deles em sua missão e um no outro conseguiu permanecer intacta.
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