Em novembro passado, as imagens preocupantes da poluição que escureceu e tornou espesso trecho do Rio da Prata entre Bonito e Jardim servem de advertência para o poder público e toda a sociedade, sobretudo os proprietários rurais, turistas e moradores de regiões com bacias fluviais. Segundo Jaime Verruck, titular da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), a população e os produtores, em geral, são conscientes e cuidam do ambiente, porém é preciso reforçar mais a vigilância em virtude da grande extensão e da quantidade de mananciais em Mato Grosso do Sul.
O Instituto de Meio Ambiente (Imasul) notificou donos de duas propriedades rurais às margens do rio da Prata, que recentemente passaram por manejo do solo para o plantio de soja. Mas os técnicos constataram que não foram construídas curvas de níveis, indispensáveis para impedir a erosão, o que pode ter facilitado o despejo de sedimentos. Técnicos da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), do Imasul e da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) sobrevoaram, fotografaram e filmaram a região. As imagens e conclusões técnicas vão subsidiar as medidas a serem adotadas para impedir que fato semelhante se repita.
BARREIRAS
Outra providência do governo estadual é a manutenção de estradas da região, com a construção de barreiras ou “bigodes”, para quebrar a velocidade das águas e direcioná-las para bacias de contenção. Os proprietários notificados terão que executar as curvas de nível imediatamente, disse Verruck. “A Agraer tem técnicos disponíveis para orientá-los. A obrigação de construir as barreiras de contenção é do proprietário”, enfatizou.
“As curvas de nível são recursos ideais para evitar a erosão do solo”, assegurou o técnico Fernando Nascimento. Em Novo Horizonte do Sul surgiram inúmeras crateras que causaram transtornos e prejuízos enormes. O Governo desenvolveu projeto piloto de curvas de nível. “Em outubro tivemos precipitação superior a 500 milímetros e as curvas seguraram toda a água”, contou Nascimento.
Verruck alinha diversas medidas em andamento ou já programadas para os próximos dias. “Com base nos registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR), acabamos de levantar todas as propriedades lindeiras aos rios da Prata, Formoso e Formosinho”, informa. “Agora vamos conversar com os produtores. Só vamos emitir licenças nessas propriedades, como o corte de árvores isoladas, se após vistoria de técnicos do Imasul e da Agraer for atestada a existência das necessárias medidas de conservação de solo”.
O secretário aproveitou sua presença em evento na Federação da Agricultura e Pecuária (Famasul) para conversar com presidentes de sindicatos rurais, lideranças e representantes da região sobre a importância da mobilização do governo e da própria sociedade. “Precisamos do envolvimento dos sindicatos, do engajamento dos proprietários. Precisamos também dos vereadores de Jardim e Bonito fiscalizando, ajudando a cuidar do meio ambiente. Porque o ecoturismo é a força da economia dessas duas cidades”, afirmou na ocasião.
FUNDO CRESCE
O Ministério da Integração aprovou a programação de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para 2019. E Mato Grosso do Sul avança: terá à sua disposição R$ 2.260.484.623,21 para o financiamento de empreendimentos dos setores rural e empresarial, além de outras modalidades de crédito.
“Do orçamento disponibilizado, o estado terá R$ 24 milhões para contratações do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), em atendimento ao que determina a Medida Provisória 785/17”, explica Verruck. “O Banco do Brasil terá de se adaptar, pois é um recurso reembolsável, com disponibilidade específica”, informou.