Para conter os estragos, a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), criou um programa de apoio e recuperação aos produtores rurais que tiveram suas propriedades afetadas pelos incêndios
O fogo causou o prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão ao agronegócio de Mato Grosso do Sul, neste ano, conforme a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Entre as cadeias produtivas mais impactadas pelos incêndios estão a pecuária de corte, o setor sucroenergético e a silvicultura.
Entre os meses de junho a agosto deste ano, a Famasul estima que mais de 500 propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, no Pantanal, foram atingidas pelo fogo, que já devastou 12,7% de área do bioma, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).
“A estimativa de impacto econômico dos incêndios nas áreas destinadas à agropecuária está em torno de R$ 1,2 bilhão. As atividades mais impactadas no estado, são sobretudo as áreas de pastagem destinadas à pecuária de corte, cana-de-açúcar para produção de açúcar e etanol e eucalipto para produção de celulose”, diz a entidade.
De acordo com a Federação, o calculo do impacto econômico do fogo no setor leva em consideração a estimativa em relação ao mapeamento de focos de calor e os valores médios de receita bruta de produção por hectare atingido. O levantamento não considera os prejuízos causados na infraestrutura das propriedades.
Segundo especialistas, a seca severa e a falta de chuva têm potencializado a propagação das chamas na região do Pantanal.
“O fogo é assassino, vem sem controle nenhum e matou até animal aqui”. Esse é o relato de Khalil Ibrahim Zaher, que tem uma propriedade em Aquidauana (MS), cidade conhecida como portal do Pantanal. Os incêndios na região ameaçaram cerca de 500 animais do produtor rural.
Zaher relembra que o incêndio durou três dias, queimou cerca de 2 mil hectares e os próprios funcionários tiveram que combater as chamas. O prejuízo do produtor pode chegar a R$ 200 mil.
“O prejuízo maior foi com as cercas que foram todas danificadas. Só aqui na região eu vou ter um prejuízo de R$ 150 mil até R$ 200 mil pelas cerca destruídas. Tem maquinário que foi usado para apagar o fogo, o diesel, a hora/máquina, tudo isso vai aumentando o custo de produção”.
A expectativa do produtor é pelo fim do período de queimadas. “O que tem que fazer é tomar cuidado, não colocar fogo. Chegando a chuva tudo melhora, a nossa esperança é a chuva”.
Para conter os estragos, a Famasul criou o “SuperAção Pantanal”, um programa de apoio e recuperação aos produtores rurais que tiveram suas propriedades afetadas pelos incêndios no bioma. O objetivo é minimizar os impactos produtivos e oferecer alternativas que reduzam os prejuízos enfrentados pelos pantaneiros.
Nos primeiros 10 dias de setembro, 736 focos de incêndio foram registrados, o dobro de setembro inteiro do ano passado (373 focos). Desde junho deste ano, 12 cidades do estado estão em situação de emergência por causa dos incêndios florestais.
A Famasul informou que cerca de 20 técnicos de campo estão empenhados em visitar as propriedades atingidas pelo fogo, propondo soluções de recuperação. Os profissionais atuarão pelo período de 60 dias para mapear e diagnosticar a situação das propriedades do estado.
“Nossa intenção é orientar os produtores em relação a ações e atividades em suas propriedades rurais, a curto, médio e longo prazo, para minimizar o impacto dos incêndios e da produção. Isso reflete na nossa economia pela importância que o Pantanal tem para o desenvolvimento econômico do estado”, afirmou o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.
“Após o relatório, ficou evidente que uma unidade de educação precisa ser construída no Pantanal, para garantir que a qualificação profissional chegue aos moradores que, muitas vezes, são impedidos de estudar por causa da distância. Há regiões em que é preciso viajar muitas horas até a cidade mais próxima e nós precisamos ter um olhar atento para isso. O Senar/MS tem cursos de Formação Profissional Rural e Promoção Social que muito pode contribuir para essas pessoas e para o próprio bioma, como é o caso do curso de brigadista e de prevenção e combate ao fogo. Agora, o próximo passo é buscar um local adequado para essa construção”, afirma Bertoni.