Remanejamento ocorre para priorizar a eficiência da instituição, segundo publicação oficial.


As delegadas que prestaram atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo ex-noivo em 12 de fevereiro, foram removidas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). A titular da unidade também foi transferida, conforme publicado no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (27/03).
Dentre as três delegadas afastadas, Riccelly Maria Albuquerque Donha foi removida “ex-officio”, ou seja, sem ter solicitado a transferência. A decisão, assinada pelo delegado-geral da Polícia Civil, Lupersio Degerone Lucio, enfatiza que as alterações são feitas para garantir o interesse público acima do privado e melhorar o funcionamento da instituição, considerando o perfil de cada profissional e a demanda de cada unidade.


A delegada Lucelia Constantino de Oliveira, que também atendeu diretamente Vanessa entre os dias 11 e 12 de fevereiro, foi transferida a pedido, assim como Elaine Cristina Ishiki Benicasa, então titular da Deam. Riccelly Maria e Lucelia Constantino passarão a atuar em uma das duas Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) de Campo Grande, enquanto Elaine Benicasa será lotada na Delegacia Geral da Polícia Civil.
Para ocupar as vagas na Deam, foram designadas as delegadas Cynthia Karoline Bezerra Gomes Tapias e Lais Mendonça Alves, que anteriormente atuavam na Depac. A nomeação segue a mesma justificativa das remoções: prevalência do interesse público. Outra nomeação recente é a de Cecilia Fleury Jube Leal, que veio da Delegacia de Aparecida do Taboado e foi designada à Deam no último dia 14 de março. A delegacia segue com 11 delegadas, mas sem uma titular oficialmente nomeada.
Entre as delegadas que permanecem na unidade estão Patrícia Peixoto Abranches, Stella Paris Senatore, Analu Lacerda Ferraz, Larissa Franco Serpa, Karolina Souza Pereira, Marianne Cristine de Souza, Karen Viana de Queiroz, Rafaela Brito Sayao Lobato e Fernanda Barros Piovano, que atua como adjunta.
O Secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, reconheceu que houve um apelo emocional para as mudanças e destacou a necessidade de “oxigenar” a unidade após a conclusão da apuração pela Corregedoria. Segundo ele, algumas delegadas já haviam solicitado transferência anteriormente, e agora foi possível atender a esses pedidos.
Sobre o caso
Vanessa Ricarte, jornalsita do Ministério Público do Trabalho, foi assassinada após registrar boletim de ocorrência e solicitar medida protetiva contra o ex-noivo. A jornalista, já em situação de risco, procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) para denunciar as agressões, mas, infelizmente, foi esfaqueada horas depois, dentro da própria casa.
Repercussão do Caso Vanessa Ricarte
A Corregedoria da Polícia Civil concluiu na semana passada a análise sobre o atendimento prestado a Vanessa Ricarte e não encontrou irregularidades nos procedimentos adotados. Entretanto, áudios divulgados pela jornalista antes do crime geraram grande comoção e questionamentos sobre a eficiência do atendimento oferecido pela delegacia.
Diante da repercussão, o Governo de Mato Grosso do Sul admitiu falhas e anunciou mudanças estruturais, incluindo a gestão compartilhada da Casa da Mulher Brasileira entre o Estado e a Prefeitura de Campo Grande. Também serão reformulados protocolos para melhorar a comunicação entre os serviços oferecidos e proporcionar um acolhimento mais eficaz para mulheres em situação de vulnerabilidade.
O governador Eduardo Riedel afirmou que um coordenador para dividir a gestão da unidade será nomeado em breve e que a decisão está sendo conduzida pelo vice-governador Barbosinha. “A pessoa está quase escolhida. Neste fim de semana, ele continuará as conversas para definir a melhor opção”, declarou o governador.