Medicações afetam os níveis de estrogênio no corpo, o que pode ocasionar sintomas como ressecamento vaginal, diminuição da libido e dor durante a relação sexual
Outubro Rosa é o mês de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer, doença que acomete cerca de 60 mil mulheres por ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia. O tratamento desta neoplasia inclui cirurgias, quimioterapia, radioterapia e terapias hormonais que podem impactar profundamente a vida das mulheres, afetando não apenas o aspecto físico, mas também a saúde emocional e sexual.
Embora muitas pacientes tenham dúvidas sobre como manter uma vida sexual ativa durante o tratamento, é importante destacar que, sim, as mulheres em tratamento de câncer de mama podem continuar tendo relações sexuais, desde que tomem alguns cuidados específicos.
Segundo Dra. Mariane Nadai, ginecologista os tratamentos contra o câncer de mama, em especial a quimioterapia, afetam os níveis de estrogênio no corpo – o que pode ocasionar sintomas como ressecamento vaginal, diminuição do desejo sexual e, em alguns casos, dor durante a relação sexual.
Há ainda os efeitos psicológicos, como ansiedade e mudanças na autoimagem, que podem fazer com que algumas mulheres evitem a intimidade durante esse período. No entanto, com o suporte certo, muitas dessas dificuldades podem ser manejadas.
“É possível que as mulheres mantenham sua vida sexual ativa e satisfatória, mas para isso, elas precisam conversar com seus médicos sobre caminhos alternativos e também a respeito dos métodos contraceptivos adequados”, afirma a especialista.
Segundo ela, embora o uso de anticoncepcionais hormonais seja contraindicado para pacientes em tratamento do câncer de mama, o DIU não hormonal (dispositivo intrauterino de cobre ou prata) é uma opção segura e eficaz. “Este método não interfere nos tratamentos nem aumenta os riscos associados ao câncer de mama, sendo indicado para mulheres que desejam evitar uma gravidez e que não possam ou não queiram recorrer a hormônios”, diz Dra. Mariane.
Além do DIU de cobre ou prata, a médica recomenda o uso de camisinhas – tanto masculina quanto feminina. O preservativo, além de prevenir a gravidez, protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o que é especialmente importante, já que o sistema imunológico das mulheres pode estar enfraquecido durante o tratamento.
A ginecologista ressalta que, durante o tratamento do câncer de mama, é essencial manter uma comunicação aberta com o parceiro. “As mulheres não precisam abrir mão da intimidade neste período, mas precisam estar cientes dos cuidados necessários para garantir que a relação seja segura e confortável. É recomendado utilizar lubrificantes à base de água para aliviar o ressecamento vaginal e discutir também outras opções que possam ajudar a melhorar o bem-estar sexual”, lembra a especialista.
Dra. Mariane diz ainda que a saúde e o bem-estar integral da paciente devem estar no centro de qualquer plano de tratamento, o que inclui a saúde sexual. “Mas é muito importante um acompanhamento médico e também um suporte emocional profissional, afinal, a comunicação é uma ferramenta crucial para atravessar essa fase com mais qualidade de vida”, conclui ela.