Durante sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), o deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos) chamou a atenção dos parlamentares para a crise na saúde de Campo Grande. Ele destacou o colapso da Santa Casa da capital e os problemas enfrentados nas unidades básicas de saúde e UPAs.


“Chegamos ao fundo do poço, se é que há o fundo, chegamos a esse local. Digo isso com muita tristeza. Nunca usei microfone para usar da demagogia, não faz parte da minha natureza, mas a realidade é que estamos tratando de vidas e quando eu digo isso é que eu vi ontem que três médicos que foram até a delegacia fazer boletim de ocorrência de preservação de direitos, alegando o risco de perdermos a vida de 70 pacientes por falta de insumos para cirurgias. Isso é lamentável”, discursou.
De acordo com o Rinaldo, há familiares de pacientes alegando que receberam telefonema de marcação de cirurgia após 60 dias do falecimento de quem estava esperando. “Ao longo da campanha foram dezenas de testemunhos como esse, mas a situação é muito pior que imaginávamos. Não tem um dia que eu não recebo pessoas que estão há anos precisando de atendimento. Por isso faço o apelo à Prefeitura que ressarça a Santa Casa a dívida que tem, com a contratualização tripartite, deixou de pagar. A Saúde está colapsada. A preocupação é de todos nós”, ressaltou.
Rinaldo sugeriu pedido de ajuda da Prefeitura aos membros da bancada federal, pois é na Santa Casa que são resolvidos os casos de maior complexidade no estado. “Não deixe as pessoas morrerem de forma indigente. Sem contar os inúmeros que estão em uma cama com dor, à espera. E eu que achei que a pandemia ia ensinar o povo a ter mais empatia, mas parece que não mudou nada. A culpabilidade era em cima do ex-prefeito e agora? Não é possível que no momento de maior vulnerabilidade, contribui com os impostos e não tem o retorno com o atendimento. Fico na torcida que nenhuma vida venha se perder pela insensibilidade da gestão”, concluiu.
Denúncia dos médicos à polícia
Para o deputado, a situação é alarmante, especialmente após médicos procurarem a polícia para registrar boletins de ocorrência devido ao risco de vida dos pacientes. “Chegamos ao absurdo de médicos precisarem registrar B.O. para descrever à polícia a gravidade da situação, com pelo menos 70 pacientes aguardando atendimento na Santa Casa, sem insumos adequados e sem estrutura mínima para acomodá-los”, relatou.
Nesta semana, um grupo de médicos procurou a polícia para denunciar o risco iminente de morte de pacientes na Santa Casa de Campo Grande. Segundo os profissionais, a situação é “caótica”, sendo os setores de urgência, emergência e ortopedia os mais afetados. Além disso, denunciaram a falta de insumos nos estoques, agravando ainda mais a crise.
Outro fator que evidencia o colapso da instituição foi a decisão judicial favorável à Santa Casa para o bloqueio de R$ 46 milhões da Prefeitura de Campo Grande. A medida foi tomada após a instituição alegar que a prefeitura não cumpriu integralmente o orçamento destinado à saúde no último ano. A Justiça determinou, em caráter de urgência, que a prefeitura realize o repasse da verba em até 48 horas, sob pena de sequestro de bens.
“A sensação que temos é que a cidade está quebrada. Durante o período eleitoral, foi dito que estava tudo bem, mas agora vemos que não era verdade. Campo Grande sempre foi uma capital superavitária, e essa realidade não condiz com o que estamos presenciando. Há demandas urgentes em toda a cidade, e a resposta é sempre a mesma: falta de recursos para atender a população. Um exemplo disso é o Horto Florestal, que está fechado sem previsão de reabertura devido à falta de manutenção e estruturação. O local só foi interditado depois que várias árvores caíram, colocando em risco quem frequentava aquele espaço, que faz parte da nossa história. É uma situação triste para nossa capital”, afirmou Rinaldo.
Diante desse cenário, o parlamentar fez um apelo à Prefeitura de Campo Grande para que os recursos sejam repassados à Santa Casa, permitindo a retomada dos atendimentos. “Esses não são casos isolados. A população enfrenta enormes dificuldades para ter acesso a uma saúde de qualidade e com rapidez. Faço um apelo à prefeita Adriane: olhe para essa gestão com responsabilidade, busque a união entre a classe política, dialogue com a bancada estadual, federal e com os vereadores para captar recursos e investimentos. Só assim será possível reestruturar a saúde da capital e atender aqueles que mais precisam. Saúde não pode esperar”, concluiu Rinaldo.