Dupla responsável pela caótica gestão de Campo Grande está para renovar parceria iniciada em 2016
Em 2016, a chapa Marquinhos Trad-Adriane Lopes conquistou nas urnas a Prefeitura de Campo Grande, ele o prefeito e ela vice. Iniciava-se ali um ciclo de hegemonia política e administrativa que se renovou nas eleições de 2020 e está para completar oito anos, primeiro pelas mãos de Marquinhos (2017-22) e agora sob a regência de Adriane.
A dupla, uma das mais sintonizadas na política local, é responsável pela calamitosa situação que se encontra o município, tanto nas finanças como na desastrosa prestação de serviços básicos sob responsabilidade da prefeitura, como a saúde, a educação e o transporte coletivo. Adriane está no cargo desde abril de 2022, quando Marquinhos Trad renunciou, acreditando que se elegeria governador.
Ao passar para a vice as chaves da cidade, entregou também uma prefeitura esburacada financeiramente e cheia de demandas acumuladas, entre as quais a inadimplência, as dívidas, o déficit causado pelos gastos abusivos e penduricalhos criados para empregar futuros eleitores e cabos eleitorais. A farra do Proinc (Programa de Inclusão Profissional) foi um dos escândalos que marcaram o período de Marquinhos e continuaram com Adriane, maquiados por outras denominações.
Quando se tornou prefeita, Adriane migrou do Patriota para o PP, levada pela senadora Tereza Cristina, interessada em reelegê-la e ganhar musculatura política para voos eleitorais mais altos no futuro. E agora, com as rédeas municipais do PP, a prefeita abre as portas do partido para Marquinhos Trad, seu parceiro de chapa e gestão, que desde a fragorosa derrota na sucessão estadual vive desconfortável no PSD, considerado o grande responsável pelo desabamento eleitoral da legenda no Estado.
Quem acompanha de perto este compartimento da política local já assegura que, além de refazer a ligação com Adriane, o ex-prefeito tem outro motivo para mudar de abrigo: o PSD é um importante alicerce na base de sustentação do governador Eduardo Riedel (PSDB). Este apoio conta, inclusive, com a presença do deputado estadual Pedrossian Neto, único eleito pelo partido, na vice-liderança do Governo.
Este cenário não agrada Marquinhos, que pretende retornar à cena eleitoral candidatando-se a vereador. O PSDB, que tem pré-candidato a prefeito, o deputado federal Beto Pereira, pode fazer aliança com o PSD na chapa majoritária. Adriane Lopes e Tereza Cristina estariam respaldando a candidatura de Marquinhos.
Especula-se que o União Brasil também estaria entre as cogitações do ex-prefeito, que empreende busca obssessiva por uma legenda que lhe dê cobertura e espaço para a tentativa de voltar aos braços do povo. O prazo para decidir qual o caminho a seguir esgota-se em 05 de abril.