Antônio Carlos Videira rechaçou a ideia de que as investigações tenham teor político alegando que até agora 8 mulheres já procuraram a polícia com denuncias contra o ex-prefeito
Na manhã desta segunda-feira (25), em reunião com vereadores de Campo Grande, o titular da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, anunciou a criação de mais um canal de comunicação com a política (67 – 99324-4898) para receber denúncias e ainda para atender as vítimas de forma imediata, já que o aparelho estará 24 horas em posse da delegada Maira Pacheco Machado, que preside o inquérito na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM.
Antônio Carlos Videira e o diretor-geral de Polícia Civil, delegado Roberto Gurgel, receberam na secretaria os vereadores Professor André Luís, João Cesar Matogrosso, Camila Jara, Marcos Tabosa, Thiago Vargas e Alírio Vilassanti. Eles foram buscar mais informações sobre o inquérito para embasar pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal para apurar as denúncias contra Marquinhos Trad.
Videira fez questão de ressaltar que as denúncias se configuram “caso de polícia” e que rejeita qualquer insinuação que a investigação seja política. “Em 2018 ele já respondeu inquérito, daquela vez era menores, agora 8 mulheres procuraram a polícia. Talvez o fato dele ter renunciado tenha encorajado elas a prestarem queixa. De qualquer forma com as denuncias chegando não no resta outra coisa a fazer, vamos investigar”.
O diretor-geral de Polícia Civil, delegado Roberto Gurgel, lembrou que a investigação corre em sigilo, também para preservar a segurança das denunciantes. “Não posso entrar em detalhes na investigação, mas as denúncias são sérias e a polícia vão tratar o assunto com o valor que merece ser dado, não vamos no furtar de realizar o nosso trabalho”, afirmou.
Além de estar sendo investigado pelos crimes de assédio sexual, estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e importunação sexual, Marquinhos Trad poderá responder ainda por improbidade administrativa em virtude de supostamente ter mantido relações sexuais no gabinete que ocupava quando prefeito, conforme apontam prints de diálogos dele com uma mulher, pelo WhatsApp, anexados ao inquérito policial.
Fatos
“Se trata de um histórico antigo que ocorria entre quatro paredes, mas que já era de conhecimento de todos”, disse o vereador Professor André Luís (REDE), ao explicar que caso se confirme o uso do gabinete para encontros sexuais, ficará caracterizado o crime de improbidade, o que poderá resultar na suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito, o que interromperia a sua carreira. “Já recebi denúncias que no Proinc haveriam prostitutas, isso é muito sério e não pode ser varrido para debaixo do tapete”, afirmou.
Já o vereador Thiago Vargas (PSD), criticou o fato de a Sejusp ter de vir a público para desmentir que as investigações se tratavam de fake news, conforme foi divulgado por simpatizantes da candidatura de Marquinhos Trad em grupos de WhatsApp e nas redes sociais.
Ao defender que o inquérito seja concluído com a maior celeridade possível, ele destacou: “as mulheres que procuraram a polícia estão sendo pré-julgadas e questionadas sobre o por que de não terem feito a denúncia antes, mas apenas agora, em época de eleição”.
O Vereador Tabosa (PDT), comentou que a prefeita Adriane Lopes pelo jeito, não acredita nas denuncias, já que continua sendo fiel escudeira de Marcos Trad. “Ele pede votos para ele, não fez nem cara feia com a denúncias, age como se nada estivesse acontecendo. Mesmo sendo mulher e evangélica ela se faz desentendida”, ressalta.
Já para o vereador Coronel Alírio Villasanti (PSL), o que se tem até agora já merece uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para aprofundar nas investigações. Ele já até admitiu que teve caso extra conjugal, agora precisamos ver se foram no gabinete ou não. Isso é muito grave é nos vereadores merecemos investigar”, afirmou.
A vereador Camila Jara (PT), cobrou celeridade das investigações e lembrou que MS figura entre os Estado líderes de crimes contra a mulher e que Campo Grande é a capital onde ocorrem mais estupros no Brasil. “Quando essas denuncias vem do poder que devia dar o exemplo o choque é maior, não podemos nos furar, temos que ter a frieza e indignação para conseguirmos abrir essa CPI na Câmara”, relatou.
O Vereador João César Matogrosso (PSDB), avaliou que os vereadores tem a obrigação de dar uma resposta a população de Campo Grande, independente da bandeira política que defendam. As denúncias são seriíssimas, uso de cargo público para obter vantagens sexual, não devemos deixar isso passar em branco, vou defender esta CPI o mais urgente possível.
CPI
Paralelamente ao inquérito, a Câmara Municipal poderá investigar Marquinhos Trad por meio de uma CPI, cuja instalação será proposta em requerimento a ser apresentado no dia 2 de agosto, conforme informou o vereador Marcos Tabosa. Segundo ele, seis parlamentares já se comprometeram a assinar o requerimento. São necessárias, no mínimo, 10 assinaturas para que a proposta saia do papel.