Enquanto a pandemia do coronavírus não sair de cena e a atividade política continuar em marcha cadenciada, nenhum partido se arriscará a tomar decisões referentes à escolha dos candidatos e partidos para as coligações. Entretanto, isso não impede que os pretendentes já decididos ou os que ainda ensaiam os passos se movimentem para manter o projeto aquecido e os seguidores motivados. Afinal de contas, as prefeituras são estágios importantes de poder político e popular.
É certo que as próximas eleições para os executivos municipais terão atuais detentores de mandatos legislativos entre os concorrentes. À exceção do Senado – os três senadores de Mato Grosso do Sul, Nelsinho Trad (PSD), Soraya Thronicke (PSL) e Simone Tebet (MDB), já avisaram que não entram nessa briga -, a Assembleia Legislativa (Alems) e a Câmara de Vereadores vão contribuir com mais um tempero oferecendo nomes nessa disputa.
Dos 24 deputados estaduais, três já foram prefeitos: Onevan de Matos (PSDB), em Naviraí; Renato Câmara (MDB), em Ivinhema; e Felipe Orro (PSDB), em Aquidauana. Agora, Orro não disputará porque vai apoiar sua esposa, a médica Viviane Orro (PSD), que já foi confirmada pelo partido como pré-candidata. Mas Câmara pôs seu nome à disposição e é esperança emedebista para conquistar a Prefeitura de Dourados, enquanto Onevan estuda a intenção dos tucanos de lançá-lo no jogo da sucessão naviraiense.
MAIS NOMES
Além de Câmara e Onevan, outros deputados estaduais circulam na ciranda que engloba os pré-candidatos e os que ainda não deram certeza. O petista Pedro Kemp já foi referendado pela legenda e está conversando com lideranças de outros partidos na expectativa de construir as alianças em Campo Grande. Kemp terá entre seus adversários dois colegas de Assembleia, os deputados Márcio Fernandes (MDB) e Capitão Renan Contar (PSL).
No caso de Fernandes, a decisão foi consumada depois que o ex-governador André Puccinelli pôs sob avaliação outros nomes, entre os quais os da ex-secretária de Assistência Social, Tânia Garib, e o ex-senador Waldemir Moka. Quanto a Contar, um complicador precisa ser removido: a divisão nacional interna do partido que deu a legenda para Jair Bolsonaro ser candidato e ganhar a presidência da República.
Agora, o PSL está dividido e a ala rompida com o presidente até ingressou com pedido de impeachment. Será difícil e contraditório para Contar explicar ao eleitorado esta ambígua situação. Ele foi eleito embarcado na carona da onda bolsonarista e tem convivência hoje com correligionários influentes atacando o presidente e expondo os podres do governo, sobretudo dos filhos, denunciados por incentivo às manifestações anticonstitucionais e o uso de notícias falsas (fake news).
Por fim, da Alems podem sair outros dois candidatos à sucessão douradense: José Carlos Barbosinha (DEM) e Marçal Filho (PSDB). Comenta-se que para favorecer a candidatura de Barbosinha o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) estaria inclinado a convencer Marçal a desistir. Não há quem sustente a veracidade desse comentário. Marçal vinha liderando todas as pesquisas divulgadas no ano passado e até agora não recuou das declarações públicas nas quais se coloca como pré-candidato.
DE BRASÍLIA
Rose Modesto (PSDB), Beto Pereira (PSDB), Dagoberto Nogueira (PDT), Luiz Ovando (PSL), Fábio Trad (PSD), Vander Loubet (PT), Bia Cavassa (PSDB) – que substitui a ministra da Agricultura, Tereza Cristina – e Tio Trutis (PSL) são os oito deputados federais da bancada de Mato Grosso do Sul. Somente os três primeiros, com domicílio eleitoral em Campo Grande, podem ser considerados passíveis de ingresso na sucessão municipal.
Rose e Beto dependem diretamente da decisão a ser tomada pela Executiva Regional do PSDB. É o presidente do Diretório, Sérgio de Paula, quem conduz o processo no âmbito do partido. Politicamente, essa tarefa é compartilhada pelo governador Reinaldo Azambuja, que não interfere no partido, porém sabe que sua palavra é como uma senha de comando. E esta senha, pública e repetidamente manifestada, expõe a vontade pessoal de apoiar o prefeito Marquinhos Trad (PSD).
RESOLUÇÃO
Uma resolução nacional determina aos tucanos que lancem chapas próprias para a disputa das prefeituras das capitais e em municípios com mais de 100 mil eleitores. É o caso de Campo Grande, capital do Estado. Porém, diretórios municipais e estaduais não são obrigados a obedecer, porque pesa na balança o apoio de outros partidos aos candidatos do PSDB nas eleições de 2018. É o caso de Azambuja, que se reelegeu governador com o apoio ostensivo de Marquinhos.
O dirigente Sérgio de Paula defende o direito de Rose, Beto e de qualquer militante a reivindicar indicação partidária para candidatar-se à prefeitura. Mas ressalva que a palavra definitiva é do conjunto do partido e da orientação de Azambuja, que precisa ser ouvida porque é a voz do líder mais importante do PSDB.
Quanto a Dagoberto Nogueira, sendo quem controla o PDT e quem sabe até que ponto vão suas capacidades para viabilizar uma estrutura competitiva de campanha, a candidatura é só uma questão de tempo para anunciar ou descartar. Ele já levantou estas duas hipóteses. O PDT está em reconstrução, depois do violento abalo que sofreu com a decepção causada pelo protagonismo negativo do seu ex-candidato derrotado ao governo, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, que já deixou o partido.