Legitimado pelo voto da maioria dos norte-americanos, presidente inicia mandato com medidas que preocupam o mundo
No dia 20 deste mês, o bilionário republicano Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos Estados Unidos. Este pode ter sido o início de um dos mais angustiantes ciclos de poder na história da humanidade – e, o que é pior, legitimado pela aprovação popular. Trump, eleito pelo voto majoritário dos norte-americanos, com ampla maioria nas duas principais casas legislativas e Suprema Corte, adonou-se de um poder absoluto e vem dando sinais de que pretende impor suas vontades, dogmas e caprichos, que abrigam intolerância e belicismo.
Desde o primeiro dia de seu mandato, já baixou ordens e decretos que revelam seu caráter centralizador e absolutista. Uma de suas primeiras medidas foi anistiar e libertar mais de 1.500 pessoas que em 6 de janeiro de 2021 invadiram e destruíram móveis do Capitólio. Depois retirou os EUA da Organização Mundial de Saúde, suspendeu as políticas públicas voltadas aos direitos dos LGBTQs e outros segmentos, proibiu o registro de norte-americanos para imigrantes recém-nascidos no País.
REPRESSÃO – Contra os imigrantes, suas ordens vêm sendo cumprida rigorosa e abusivamente. Além de redobrar as forças do Estado na fronteira. emitiu resolução encerrando o CBP One (aplicativo voltado para imigrantes) e passou a deportar todas as pessoas encontradas em situação de ilegalidade no país. Desde então, são muitos os latinos que vivem na incerteza de não saber o que acontecerá. Têm medo de ser presos em uma das muitas ações policiais.
Um grupo de 88 brasileiros foi deportado dos EUA sob algemas e correntes, durante um voo marcado por humilhações e agressões físicas dos agentes do serviço de imigração norte-americano. Só quando o avião fez seu primeiro pouso no Brasil, em Manaus, os passageiros se livraram das algemas por intervenção do presidente Lula, que não permitiu a sequência da viagem na aeronave dos EUA e enviou um avião da FAB para concluir as escalas.
Embora este processo de deportação seja fruto de um acordo entre o governo anterior, de Joe Biden, e o Brasil, a maneira como o transporte foi feito causou forte impacto mundial, em vista das humilhações aos homens, mulheres e crianças que, em sua maioria, não são criminosos. A Casa Branca se defende, afirmando que “a administração Trump deteve 538 imigrantes ilegais criminosos”.
O governo brasileiro já ingressou com procedimentos cobrando das autoridades norte-americanas os relatórios das operações. Na Europa e na Ásia diversas organizações dos direitos humanos também se associaram na cobrança de responsabilidades. Indiferente a tudo, Trump mantém a mesma postura de cinismo, como a que exibiu tentando desqualificar o gesto da ao que usou para minimizar as cobranças que lhe foram feitas na terça-feira, 20, pela reverenda Mariann Edhgar Budde.
Durante um culto na Catedral Nacional de Washington, um dos atos de posse, a religiosa pediu “misericórdia” a Trump, citando sentimentos de medo entre as comunidades LGBT e imigrantes passaram a sentir com as medidas de perseguição. Irônico, Trump disse que não achou nada de bom no culto. E continua a reinar, absoluto, no afã de ampliar seus domínios, pois já avisou que quer “tomar” o Canadá e a Groenlândia.