Proposta da ANS fere direito da mulher à saúde e estreita o campo de combate e prevenção ao câncer de mama
“Seria um retrocesso dos mais absurdos, um risco potencial à saúde da mulher, sobretudo porque 40% dos casos de câncer de mama ocorrem a partir dos 40 anos”
Uma consulta pública idealizada pelo Ministério da Saúde para avaliar operadoras de planos de saúde em relação ao tratamento de câncer levou entidades médicas e ativistas a entenderem que o órgão pretendia aumentar a idade mínima para realização de mamografia na saúde privada. O caso gerou críticas e marcou mais um problema de comunicação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que negou qualquer mudança no exame.
CLAREZA E COMPETÊNCIA – Diante da polêmica, questionamentos e dúvidas instaladas, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) propõe ampla mobilização da sociedade contra a possível mudança de critérios para encurtar a faixa etária destinada ao rastreamento mamográfico. “O governo assegura que foi mal-entendida a Consulta Pública 144. Entretanto, se houve falha de comunicação, que esclarecesse item a item uma consulta feita em termos ambíguos, dando a entender que, de fato, existe a intenção de garantir esse rastreamento às mulheres entre 50 e 69 anos. E isto não aceitamos, de forma alguma”, afirmou.
Apresentada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na Consulta Pública nº 144, a proposta avalia a criação de um selo de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica, que estabelece como critério o rastreamento mamográfico na rede privada apenas para mulheres entre 50 e 69 anos, com periodicidade bienal. Médico e senador, Nelsinho insiste que a questão precisa ser tratada com seriedade, clareza e competência.
Em vídeo publicado na internet, ele diz: “É um retrocesso imenso, porque 40% dos cânceres de mama são exatamente na faixa dos 40 aos 50 anos. E 22% de morte, exatamente nesse período. Não podemos deixar isso prosperar”. Para participar da consulta pública, basta acessar o link https://licitacoes.apps.sa-1a.mendixcloud.com/link/ConsultaPublica/144) e escrever sua opinião: “Discordo da recomendação de rastreamento bienal entre 50-69 anos.
O ideal seria mudar o rastreamento para o que o CBR, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) preconizam: rastreamento anual a partir de 40 anos. Caso a recomendação de mamografias de rastreio a partir dos 50 anos avance, Nelsinho se comprometeu a apresentar Projeto de Decreto Legislativo para impedir este avanço. “É um grande retrocesso em tudo que a gente fez e já avançou na questão da prevenção das doenças da mulher, em especial o câncer de mama”, concluiu.