Em Bonito ele criticou filas na Saúde; em Campo Grande, 12 mil estão na fila das cirurgias
O pré-candidato a governador Marquinhos Trad, em suas andanças no interior do Estado, tem se empenhado em enfatizar a principal característica de sua vida pública: a dissimulação.
Em seus discursos, tenta mostrar que os municípios do interior foram relegados à própria sorte pelo governo do Estado, mirando-se em Campo Grande como único exemplo da boa gestão e dos avanços sociais, escondendo a situação de miséria e abandono em que deixou diversos bairros da periferia da Capital.
O cinismo e a dissimulação que formam a base dos discursos de Marquinhos Trad são acompanhados da distorção de dados, falsas afirmações e sobretudo do messianismo por meio do qual tenta se colocar como o “escolhido” por Deus para governar o Estado, sem deixar de citar que a “missão divina” de administrar Campo Grande já foi cumprida.
Saúde
Em recente visita ao município de Bonito, ele diz ter ouvido uma série de reclamações sobre a área da Saúde, citando que atualmente 774 pessoas aguardam na fila por exame ou consulta com especialistas em Campo Grande. “Entra governo, sai governo e as pessoas continuam precisando ir para a Capital em busca de atendimento. Aqui em Bonito, toda semana 20 pessoas enfrentam essa maratona para fazer hemodiálise em Campo Grande”, pontou.
Marquinhos Trad garante que caso seja eleito, esse problema será solucionado. Só não diz de que forma e também não deve fazer a mínima ideia de como isso se dará, pois quando renunciou ao mandato de prefeito, no mês passado, ele deixou cerca de 12 mil pessoas na fila de espera por cirurgias eletivas.
Não por falta de condições de atender esses pacientes, mas simplesmente porque não formalizou os convênios necessários com quatro dos hospitais que se dispuseram a atender as demandas por meio da Caravana da Saúde, desenvolvida pelo governo do Estado. Apenas o convênio com o Hospital do Pênfigo foi formalizado no final de sua gestão.
Além disso, ele reteve dinheiro de emendas parlamentares destinadas aos hospitais “Alfredo Abrão” e São Julião, que por conta disso enfrentam sérias dificuldades financeiras. Também não explica o por quê de ter vetado emenda ao orçamento da prefeitura que estabeleceu a construção do Hospital Municipal de Campo Grande.
O veto acabou sendo derrubado pelos vereadores e caberá agora à prefeita Adriane Lopes dar início à construção da unidade, que por força de lei tem de estar em funcionamento até 2025.
Habitação
“É preciso definir prioridades e apresentar projetos para que estes problemas de muitos anos sejam resolvidos”, disse Marquinhos, ao citar ainda que em Bonito 900 pessoas estão na fila a espera da casa própria. Em Campo Grande, atualmente, são mais de 42 mil famílias na lista de espera.
Além disso, o número de favelas, que ele insiste em rotular como “áreas ocupadas de forma irregular”, praticamente dobrou nos últimos anos.
Campo Grande tem 39 favelas, com 4.516 moradias, conforme levantamento da Central Única de Favelas (Cufa). Ao menos 5 mil crianças moram nesses locais. Outros sete núcleos semelhantes estão em formação, infomou a presidente da entidade, Letícia Polidoro.
Paraíso
As bravatas de Marquinhos Trad não se limitam à Saúde e Habitação. Ele cita o Turismo, Segurança e Infraestrutura, dentre outros setores, ao destacar os problemas enfrentados pela população das cidades do interior, dando a entender que como prefeito transformou Campo Grande em um paraíso, cujo “modelo” pretende estender a todos os municípios do Estado caso seja eleito governador.