Vereador e médico frisa: sistema sem atenção básica, remédios, exames e pessoal desvalorizado traz insegurança ao povo
Quando se afirma que a saúde publica em Campo Grande está doente e na Unidade de Terapia Intensiva (UT) não há qualquer exagero. Durante a audiência publica convocada pelos cinco vereadores da Comissão Permanente de Saúde da Câmara Municipal – Victor Rocha (presidente), André Luis (vice), Jamal Salem, Marcos Tabosa e Loester de Oliveira -, na segunda-feira, 12, esta triste realidade foi debatida a partir de um dos itens nebulosos do sistema: a falta de remédios na farmácia básica dos postos.
Médico assim como os colegas Jamal e Loester – e experiente na área, Victor Rocha afirmou que a desastrosa gestão municipal não consegue oferecer segurança a quem precisa da atenção básica e do atendimento da rede publica. “As reclamações são frequentes. Falta de tudo nas unidades de saúde: exames, medicamentos, agilidade, valorização do pessoal e uma atenção básica firme e melhor estruturada”, disse.
Ele sugeriu ainda uma auditoria para ser feito o levantamento das compras de medicação e defendeu várias providências, entre as quais a reabertura da farmácia da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Universitário. “Este é um tema recorrente. Fizemos vistorias e há falta de medicamentos e deficiência de informação. Boa parte desses produtos são distribuídos pela Farmácia Popular e muitas vezes o usuário não sabe”, observou o vereador André Luís.
“Muitos remédios importantes são de baixo custo e evitam casos graves, como um AVC ou um infarto. O tratamento para um AVC é milhares de vezes mais caro que um comprimido de Atenolol, por exemplo, que custa centavos” comenta o vereador Victor Rocha
SEM RESULTADOS
Uma Ação Civil Pública proposta pelo MPE (Ministério Público Estadual) tramita na Justiça desde 2015, instaurada com a esperança de resolver o problema da falta constante de medicamentos. Até agora esta iniciativa não deu resultados. “Muitas vezes, a pessoa vai ao posto pegar um remédio e não encontra. Quando tem Dipirona, não tem Paracetamol. No início do ano tínhamos 40% de falta de medicamentos. De 250 medicamentos básicos, mais de 100 estavam em falta ou com estoque reduzido”, salientou.
Vereadores da base da prefeita Adriane Lopes (PP), entre os quais Marcos Tabosa – recém-cooptado pelo adrianismo -, não repercutem esta insatisfação para exigir providências. Tentam atenuar as culpas e maquiar as coisas, com o reforço das explicações lacrimosas da prefeita e de seus assessores que choram a falta de recursos. Porém, não desmentem, nem contestam o deputado federal Beto Pereira (PSDB), que nesta emana voltou a cobrar Adriane sobre os R$ 2 bilhões no orçamento da saúde.
Maria de Lourdes Oshiro, titular do Conselho Regional de Farmácia (CRF/MS), destacou que manter as prateleiras das farmácias cheias é um desafio para o poder público. A vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Rosimeire Fernandes Arias Lima, opinou que a Secretaria de Saúde deve ser comandada com profissionalismo.