Além de ignorar situação do povo e desprezar Lula, prefeita agora pede socorro ao governo federal
No poder desde 2017, quando assumiu a prefeitura como vice de Marquinhos Trad, a prefeita Adriane Lopes (PP) descobriu esta semana que a saúde pública municipal está no maior e mais lamentável caos de sua história. Na terça-feira, 30, ela baixou um decreto colocando Campo Grande em estado de emergência, alegando excesso de demanda por causa da síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Com validade de 90 dias, o decreto traz medidas paliativas que estão longe de resolver a situação, pois as filas de atendimento nas unidades de saúde e espera de leitos na rede própria e hospitais conveniados já existe há tempos, principalmente desde a chegada da dupla Marquinhos-Adriane. Antes da SRAG, outras ocorrências já se acumulavam nas UPAs, desde as doenças respiratórias aos demais registros de assistência, como a dengue.
O quadro vai de pior a pior para quem depende do SUS. Crianças, idosos e grávidas estão entre as principais vítimas da desassistência. O mês de abril fechou com cinco mortes por gripe. Entretanto, há outros casos, inclusive com óbito, de pessoas que passaram longo tempo nas filas e mal acomodadas em unidades de saúde. O estado precário das ruas impede que os veículos do Samu atendam os chamados com a rapidez necessária.
POLITICAGEM
Agora, totalmente sem controle da situação, a prefeita baixa o decreto emergencial e anuncia que vai buscar recursos junto ao governo federal. E o anúncio é feito sem qualquer cerimônia, por parte de quem vem fazendo questão de tratar com hostilidade e indiferença o presidente Lula. O petista, independentemente de partidos ou ideologias, já acenou várias vezes para selar uma produtiva relação institucional com a prefeita, mas é ignorado solenemente.
Além de ausentar-se de audiências e eventos com a presença do presidente – como na sua recente visita à Capital -, Adriane abre espaços generosos na sua agenda para calorosos encontros com seu líder maior, Jair Bolsonaro. Para tirar fotografias e gravar vídeos ao lado do ex-presidente, ela já deixou a cidade para participar de agendas sem interesse para sua cidade, mas convenientes à sua candidatura. Foi por exemplo, a São Paulo, no manifesto organizado pelo pastor Silas Malafaia, e Ribeirão Preto (SP), durante a Agroshow, uma exposição do agronegócio.
DESATENÇÃO
Enquanto a prefeita passeia ou atende agendas de vereador da base para inaugurar iluminação em praças esportivas, pacientes do SUS sofrem enquanto aguardam socorro nas UPAs, improvisando leitos e travesseiros no piso porque não há lugares suficientes. Adriane descobriu hoje que o Brasil tem um presidente e faz desesperado SOS ao governo federal, porém não cumpre suas obrigações básicas.
É o que se pode depreender do que foi revelado no dia 04 de janeiro último. Na ocasião, o superintendente do Ministério de Saúde em Mato Grosso do Sul, Ronaldo de Souza Costa, informava que havia três meses – portanto, desde 2023 – a Pasta aguardava uma simples carta da Prefeitura de Campo Grande para adesão ao Programa de Atenção Primária à Saúde, a APS do Futuro. Sem este documento, o município deixou de ganhar mais equipes para trabalhar em postos de saúde.
“Se a adesão tivesse sido feita até 30 setembro do ano passado, como a prefeitura havia prometido, os médicos pagos através do programa já poderiam começar a trabalhar agora, no início de 2024″, afirmou Ronaldo Costa. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) negou a informação e a considerou improcedente. E agora, com esta informação que não procede, a prefeita bolsonarista decreta emergência no sistema de saúde por 90 dias, instala e agrava a crise no sistema, clamando por providências do Palácio do Planalto. E continua fazendo os “tours” Brasil afora para ficar bonita na foto com Bolsonaro e sonhar com mais quatro anos de poder.
Estimulada pela cumplicidade dos vereadores de sua base, Adriane ainda ironiza a conjuntura desastrosa de sua gestão. Ela chegou a culpar a Expogrande pelo excesso de demanda nas UPAs, atribuindo às pessoas que vão ao Parque Laucídio Coelho há 84 anos a responsabilidade pelo caótico panorama assistencial. Contraditória, ela sequer se dá conta que critica um evento do qual foi uma das principais convidadas e participantes. E ao mesmo tempo que protagoniza tais contradições, uma idosa de 88 anos ficou uma semana hospitalizada na UPA Universitário, com pneumonia, sem que a regulação efetuasse sua transferência para um hospital.