Assessora que cuida das contas da prefeitura é obrigada a explicar gorduras orçamentárias de R$ 158,6 milhões
A grave e incurável incompetência crônica Adriane Lopes continua contaminando os já precarizados serviços públicos sob responsabilidade da Prefeitura de Campo Grande. Mais uma barbeiragem – involuntária ou não – foi cometida no manuseio das contas municipais, indicando que a prefeita e seus assessores mais importantes não têm mesmo intimidade com as regras mais elementares de gestão.
A maioria dos vereadores reza na cartilha da prefeita e faz todas as suas vontades, endossando erros, escondendo malfeitos e bloqueando o papel fiscalizador do Legislativo. Porém, graças à vereadora Luíza Ribeiro (PT) e a um surpreendente cochilo da bancada adrianista, a Casa aprovou requerimento que obriga a secretária de Finanças e Planejamento, Márcia Helena Hokama, a esclarecer suplementações orçamentárias solicitadas por Adriane.
Estas gorduras aumentaram em R$ 158 milhões 697 mil 279,91 o volume orçamentário, certamente em consequência do excesso de gastos. A secretária ganhou duas semanas para informar, detalhadamente, todos os empenhos relacionados às despesas com pessoal do Fundo Municipal de Saúde (FMS), acompanhados das liquidações e da execução orçamentária no período de 1º de janeiro de 2022 a 1º de junho de 2024.
O questionamento surgiu após a audiência de prestação de contas em 28 de maio. A vereadora lembrou ter questionado Márcia Hokama sobre os decretos de suplementação e não obteve respostas satisfatórias. Além disto, a secretária não atendeu a convocação na data pré-definida e só apareceu na audiência no dia seguinte. “Vamos ouvir as explicações, se são pertinentes ou não. Se não forem, pode ter havido crime de responsabilidade”, diz.
CÍRCULO VICIOSO
O mistério que envolve as contas públicas em Campo Grande só reforça as suspeitas sobre a utilização do dinheiro recolhido da população por meio dos impostos. Não há motivo plausível, por exemplo, para justificar a existência de uma folha secreta, tanto por parte da gestão como da Câmara, que empurra a questão com a barriga e joga no lixo da conveniência político-eleitoral o papel primordial do Poder Legislativo que é fiscalizar o Executivo.
A imprensa divulga com insistência essas derrapagens. O “Correio do Estado”, o mais antigo jornal impresso em circulação na cidade, fez a denúncia da folha secreta, ao informar que Thelma Fernandes Nogueira Lopes, nomeada chefe de gabinete de Adriane, é casada com o irmão do marido da prefeita, o deputado estadual Lídio Lopes. O salário, de R$ 88 mil, era acima do teto legal e superior aos da própria prefeita. Consta, de acordo com os órgãos de imprensa, que a famigerada folha secreta nasceu pelas mãos de Marquinhos Trad e “vicejou com força na era Adriane”. Os valores dos desembolsos não eram encontrados no site Transparência.