Várias operações especiais de combate à corrupção chegaram a outras peças da engrenagem
Dezenas de operações especiais de combate à corrupção e ao crime organizado produziram uma montanha monumental de processos e inquéritos que vêm se avolumando nos últimos anos, especialmente a partir de 2017, quando teve início o primeiro mandato do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Incontáveis retratos de esquemas montados em Mato Grosso do Sul para desvio de verbas públicas têm, segundo indica o Ministério Público Estadual, as digitais dele e de parceiros, que ainda devem estar operando, apesar das bordoadas que andam levando das forças policiais.
Um dos golpes mais certeiros, e fruto das intervenções anteriores, foi a Operação “Cascalhos de Areia”, deflagrada pelo MPE e o Gaeco (Grupo de Combate à Corrupção) em maio. Um dos alvos principais nesta primeira fase da operação é o empreiteiro André Luiz dos Santos, o Patrola, amigo de Marquinhos Trad e operador do esquema de fraudes licitatórias e de desvio de recursos de prefeituras, sobretudo as de Campo Grande e Corumbá.
ENREDO
Até chegar à “Cascalho de Areia”, uma sequência de operações deu às autoridades policiais e ao MPE os elementos que precisavam para fazer suas investigações. Neste enredo foram introduzidos outros protagonistas para dar ao esquema os instrumentos de cobertura e sustentação dos crimes. Em 2020, a Operação Penúria tirou o véu que encobria os passos do empresário Mamed Dib Rahim.
E assim, uma a uma, as operações especiais foram alcançando as peças da engrenagem criminosa. Depois de Mamed Rahim, entraram na fita outros personagens anônimos e famosos, entre os quais Edcarlos Jesus Silva, Ariel Dittmar Raghiant, Paulo Henrique Silva Maciel e Adir Paulino Fernandes. Conforme o MPE, dentro das armações coordenadas por Patrola eram estas pessoas as responsáveis pelo processo de “lavagem” do dinheiro que saía das prefeituras, mediante o pagamento de obras e serviços obtidos através de licitações viciadas.
Estão nas mãos do MP, da Polícia e do Judiciário as facas da limpeza e da probidade para cortar o queijo podre da corrupção que foi instalada em prefeituras como as de Campo Grande, na gestão de Marquinhos Trad, entre 2017 e 2022, e Corumbá, do prefeito Marcelo Iunes (PSDB), cujo mandato, o segundo, só terminará em 2024.