Rombo na saúde publica apurado por auditoria federal é mais um fruto da “era Marquinhos-Adriane”
De janeiro de 2022, quando Marquinhos Trad (PSD) era o prefeito, a junho de 2023, quando Adriane Lopes (PP) já havia completado 14 meses no poder, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tinha sobre si um buraco orçamentário de R$ 1 milhão 800 mil. Enquanto isso, a população que mais necessita da saúde publica municipal, principalmente nos casos de urgência, amargava – e amarga até hoje – serviços claudicantes.
Os números deste rombo foram levantados durante uma auditoria do Ministério da Saúde, que apurou a incapacidade financeira da prefeitura para equilibrar ou cobrir as despesas contraídas – que somaram R$ 10,9 milhões no período – e o total de repasses efetuados, no valor de R$ 9 milhões. Em consequência, o nível do serviço despencou, sem recursos para pagamento de pessoal, manutenção, falta de remédios, deficiência na frota de socorro e infraestrutura de atendimento médico-hospitalar.
A prefeitura alega que ficou sem a totalidade dos repasses previstos. Entretanto, a auditoria do Sistema Nacional do SUS verificou que o Estado deixou de repassar apenas R$ 323 mil, mas desembolsou para o Município R$ 4,1 milhões naqueles 17 meses. Um retrato do desgoverno: as avaliações técnicas dos auditores registraram que o rombo coincidia com problemas graves no sistema, como a existência de oito ambulâncias inservíveis em uma frota envelhecida.
É inadmissível que uma prefeitura ofereça serviços precarizados de socorro médico-hospitalar
ERROS REPETIDOS
Adriane vem repetindo os mesmos erros de Marquinhos Trad, trocando de titulares na Secretaria Municipal de Saúde e desperdiçando os recursos com paliativos. As soluções não vieram, nem mesmo com a deterioração do atendimento, que passou a configurar-se como um serviço sem a agilidade necessária. As ambulâncias e o pessoal do Samu davam às solicitações uma resposta cada vez mais demorada – não por culpa do pessoal, em número insuficiente, nem das ambulâncias de uma frota não-renovada e sem manutenção adequada.
É inadmissível que uma prefeitura ofereça serviços precarizados de socorro médico-hospitalar, com um quadro insuficiente e desvalorizado de profissionais, carente de equipamentos essenciais e incapaz de assegurar aos socorridos a oferta total da lista de medicamentos básicos. Até os artigos obrigatórios para as emergências estavam em falta, entre eles o estetoscópio infantil, bandagens e protetores para queimados.
O superintendente estadual do Ministério da Saúde, Ronaldo Acosta, comenta que o governo federal renova a frota de veículos a cda cinco anos. No entanto, por ser um serviço de atenção especializada, cabe ao município cuidar da conservação, da manutenção e do bom uso das ambulâncias. De forma que, no caso da gestão da saúde campo-grandense, o que se tem é mesmo uma questão de desleixo, reforçado pela incompetência.