Trad transformou prefeitura em cabide de emprego, cuja gestão fechou 2021 com 11.524 servidores sem concurso, contra 5.902 de Bernal
O ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) aumentou em 95,2% o número de servidores comissionados e temporários, nomeados por critério meramente político, nos cinco anos em que administrou a Capital. Isso explica o fato de o município ter estourado o limite constitucional com funcionalismo nos últimos anos.
Em dezembro de 2016, com o então prefeito Alcides Bernal, Campo Grande tinha 5.902 servidores sem concurso, quantidade que chegou a 11.524 com Marquinhos Trad em dezembro de 2021. Os dados foram obtidos pelo MS em Brasília com base na Lei de Acesso à Informação.
Em relação aos cargos comissionados, houve aumento de 125% de Bernal para Marquinhos, saindo de 759 para 1.710. Sobre os temporários, as nomeações também alcançaram números impressionantes, passando de 5.143 para 9.814, crescimento de 90%.
A prova de que Trad priorizou nomeações políticas é o número de servidores efetivos, cujo quadro passou de 15.330 para 16.446, aumento de apenas 7,2%.
Apesar da dificuldade em administrar Campo Grande, a gestão Alcides Bernal fechou 2016 com as despesas de pessoal equilibradas. O comprometimento com a folha do funcionalismo em relação à Receita Corrente Líquida (RCL) foi de 52,83%, abaixo do limite constitucional de 54%.
Em vez de reduzir esses gastos, devido à falta de dinheiro para pagamento de despesas obrigatórias, como o salário do funcionalismo, Marquinhos Trad os elevou em cinco anos no cargo. A prefeitura se transformou em cabide de emprego para afilhados políticos e cabos eleitorais.
Em 31 de dezembro do ano passado, três meses antes de Marquinhos deixar a prefeitura, por exemplo, as despesas com pessoal atingiram 59,16% da RCL, 5,16 pontos percentuais acima do limite constitucional, e 6,33 pontos acima do percentual registrado com Bernal.
Com isso, a partir de janeiro de 2023, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) deverá eliminar o excesso de despesas à razão de 10% a cada exercício, até 2032, conforme previsão da Lei Complementar 178, de 2021. As demissões serão inevitáveis.
Em 2021, Marquinhos Trad gastou R$ 2,364 bilhões com pessoal, a capital que mais comprometeu sua receita com a folha do funcionalismo (ver aqui). Se tivesse cumprido o teto constitucional, de 54% da receita corrente líquida, Campo Grande teria economizado R$ 207 milhões, dinheiro suficiente para restabelecer o atendimento completo das unidades de saúde e concluir as mais de 30 de obras paralisadas.
Pior gestão
Em cinco anos sob o comando de Marquinhos Trad, Campo Grande colecionou os piores indicadores econômicos da sua história. Levantamento realizado recentemente pelo MS em Brasília, com base na prévia fiscal do Tesouro Nacional, referente ao primeiro quadrimestre, apontou a Capital como a pior gestão entre os 79 municípios sul-mato-grossenses (ver aqui).
Foram analisados três critérios: índice sobre a capacidade pagamento (Capag), poupança corrente líquida (relação entre despesas e receitas) e despesas com pessoal. Campo Grande foi reprovada nos três itens. Destaque foi Sonora, na região norte, com os três melhores índices entre as 79 cidades.