Presidente põe verniz na fala de colega que afirmou ter vergonha de uma Câmara omissa
A sucessão de episódios constrangedores que levou o vereador Valdir Gomes (PSD) a revelar, tardiamente, que fica envergonhado por fazer parte de um legislativo omisso, continua repercutindo entre os 29 titulares da Câmara Municipal de Campo Grande. A repercussão é cozida no silêncio pelos mais receosos em abrir o jogo. Outros vereadores, mesmo sem chegar aonde chegou Gomes, já não conseguem mais esconder-se da realidade.
ALIVIANDO
Um dos principais exemplos vem exatamente de Carlão Borges (PSB), presidente da Casa pela terceira vez consecutiva. Provavelmente por não ter a intenção de tornar ainda mais conflituoso um ambiente que já anda muito carregado, reconhece a situação expressa no desabafo de Valdir Gomes, mas procura suavizá-la. Na sessão de terça-feira, 05, após mais uma votação polêmica e de ânimos exaltados, Carlão disparou:
“Esta é a natureza do parlamento, o debate, a discussão de ideias, o contraditório e a definição das pautas pela decisão do voto da maioria, com a soberania da decisão democrática”. Suas palavras sublinharam uma agitada sessão em que 12 matérias foram votadas em meio a intensos debates e até discussões mais incisivas, como a protagonizada pelos vereadores Ayrton Araújo (PT) e Paulo Lands (Patriota).
Eles se digladiaram verbalmente após a votação do veto do Executivo à implantação do Piso Nacional da Enfermagem. Um pôs o dedo na cara do outro, aos gritos, e tiveram que ser separados pelos colegas. Carlão tentou acalmar os ânimos e chegou a dizer que convidaria um dos brigões a sair do plenário e o outro a voltar ao seu lugar. Nada que desfizesse as contundentes palavras de Valdir Gomes sobre a vergonha que sente, só agora, com tantos mandatos, boa parte exercida em olímpico silêncio diante dos escândalos que marcaram a gestão de seu correligionário Marquinhos Trad na prefeitura.