O caminho apontado para a efetiva “virada de chave” no futebol sul-mato-grossense é a realização de eleições, de acordo com defesas feitas por vários participantes da audiência
Paixão nacional e esporte mais popular do mundo, o futebol foi o assunto debatido na tarde desta terça-feira (4) no plenarinho da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). A audiência pública, proposta pelo deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos), presidente da Comissão Permanente de Educação, Cultura e Desporto, ocorre em um momento considerado como a oportunidade para virada de chave no futebol sul-mato-grossense. De modo consensual, os participantes falaram da necessidade de união e de realização de eleições transparentes na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) após o período de presidência interina.
Os parlamentares da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, também concordaram sobre a importância de fazer do atual cenário um momento de fomentar mudanças necessárias no futebol de Mato Grosso do Sul. “Precisamos trabalhar juntos na perspectiva de que haja uma reformulação do esporte, para que, nesse espaço de 90 dias, possamos chamar uma eleição e termos alguém com reputação elevada, transparência e credibilidade para assumir a Federação”, afirmou o deputado Rinaldo.
“Estamos vivendo uma crise de grandes proporções”, comentou o deputado Pedrossian Neto, acrescentando que “toda crise traz uma oportunidade”. “Esta é a hora de fazermos uma virada de chave desse modelo”, disse, reforçando a necessidade de eleições transparentes e democráticas. O deputado Junior Mochi lembrou que cabe ao Legislativo ouvir a todos e fazer, dentro de sua competência, o que for necessário. “Cabe a nós, enquanto representantes do povo, ouvirmos, acompanharmos e ajudarmos a melhorar o futebol de Mato Grosso do Sul”, considerou Mochi.
A necessidade de novas eleições foi também mencionada pelo deputado Caravina. “O que está acontecendo agora é resultado desse modelo de perpetuação de poder. Então, o primeiro ponto que precisamos discutir é a questão da democracia, da alternância de poder”, defendeu. No mesmo sentido, a deputada Mara Caseiro considerou que é o momento de quebrar a hegemonia. “Precisamos lembrar que temos uma investigação em andamento, um presidente interino escolhido pela CBF. E temos também a possibilidade de quebrarmos uma hegemonia que vem há anos”, disse a parlamentar.
A “virada de chave”, diversas vezes mencionada, foi considerada pela deputada Gleice Jane como momento de democratizar o futebol, com inclusão de parcelas populacionais, como as mulheres e os indígenas. “Precisamos democratizar o futebol, que é um esporte para todo mundo. As mulheres têm reclamado da diferença. Também quero trazer aqui a questão indígena. Caminho pelas aldeias e vejo que tem muitos campeonatos. Mas a gente não percebe os indígenas no futebol. Que o futebol seja democrático, realmente”, afirmou.
Eleição e reformulação
O caminho apontado para a efetiva “virada de chave” no futebol sul-mato-grossense é a realização de eleições, de acordo com defesas feitas por vários participantes da audiência. “Devemos respeitar a interinidade do Estevão, que está fazendo um bom trabalho. Mas, depois, é preciso que haja convocação de novas eleições”, disse o deputado Pedrossian, ao final da reunião. Esse posicionamento foi reforçado por outros participantes. A realização de eleições dependerá de decisão de assembleia dos integrantes da FFMS.
O presidente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário, está preso, acusado de participação em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com recursos oriundos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e de verbas públicas.
A audiência contou com a participação, além do deputado Professor Rinaldo, dos parlamentares Junior Mochi (MDB), que é vice-presidente da Comissão, Caravina (PSDB), as deputadas Gleice Jane (PT) e Mara Caseiro (PSDB), que também compõem o grupo de trabalho, e o deputado Pedrossian Neto (PSD). Participaram, ainda, o presidente interino da FFMS, Estevão Petrallás, o secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Ferreira Miranda, cronistas esportivos, dirigentes de clubes, entre outras pessoas ligadas ao esporte.
“A virada de chave que todo mundo queria é agora. Esta é a oportunidade para tentarmos recuperar o futebol de Mato Grosso do Sul”, disse Estevão Petrallás, que foi designado, no fim do mês de maio, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para presidir a FFMS por 90 dias. A CBF teve de nomear um presidente interino por determinação do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-MS) em decorrência do afastamento de Francisco Cezário de Oliveira, resultante da operação “Cartão Vermelho”, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Além de Cezário, que completa 78 anos nesta terça-feira (4), e passou quase 30 anos à frente da entidade, outras seis pessoas foram presas, suspeitas de participação no esquema.
Da prisão, Cezário pediu afastamento do cargo de presidente e a entidade conta atualmente com um interventor. Estevão Petrallás, ex-presidente do Operário, foi encarregado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para administrar o futebol local de forma interina.