Prefeita entrou com 64% de reprovação popular no ano em que tenta garantir mais quatro anos de poder
Com ou sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a prefeita Adriane Lopes (PP) vai começar sua campanha pela reeleição precisando provar que não é mais aquela que começou o ano eleitoral entre os cinco piores gestores das 27 capitais brasileiras. É uma tarefa que até Mandrake recusaria, segundo a ironia de campo-grandenses decepcionados.
A revolta tem motivos fortes e leva a população a questionar. Se não fez em dois anos de mandato titular, como fazer em cinco meses tudo o que prometeu e não cumpriu, e ainda consertar toda a destruição iniciada com o seu companheiro de chapa, Marquinhos Trad. Desde a pesquisa, feita no mês de dezembro pela Atlas Intel, confirmando seu desastroso desempenho, a prefeita fez muito pouco – ou quase nada – em relação aos compromissos assumidos com a comunidade.
Naquela pesquisa – e até agora não existe outra para contradizê-la -, Adriane aparece como a terceira pior das capitais brasileiras, com 21% de aprovação e 64% de reprovação de desaprovação popular. O levantamento foi realizado entre 18 e 31 de dezembro de 2023, com a coleta de 14.295 questionários em todo o país. O nível de confiança adotado é de 95%. Um percentual de 6% dos entrevistados não soube ou não respondeu.
Os demais no ranking de ruindades político-administrativas são: Edmilson Rodrigues (Psol), de Belém, com 6% de aprovação e 77% de reprovação; Rogério Cruz (Republicano), de Goiânia, com 28% positivos e 64% negativos; João Pessoa Leal (PRD), de Teresina, com desaprovação de 85%; e Jose Sarto (PDT), de Fortaleza, aprovado por 25%. Todos querem a reeleição.
CEGUEIRA
Adriane Lopes e toda sua assessoria, entre as quais a Secretaria de Saúde (Sesau), devem estar com problemas de visão ou não monitoram – como deveriam – os serviços sob sua responsabilidade. Caso contrário, a prefeita não teria autorizado a Sesau a divulgar uma nota oficial desmentindo Rose Modesto, a pré-candidata do União Brasil.
Rose criticou a falta de remédios na rede das unidades de saúde e o sucateamento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela disse que a gestão local se descuidou da saúde pública, investe R$ 2 bilhões por ano e não consegue garantir o mínimo, como medicamentos. Afirmou que a população tem reclamado até da falta de dipirona.
Na nota oficial, Adriane e Sesau garantem: “A informação sobre a falta de um número significativo de medicamentos, incluindo dipirona, está equivocada”. Parece que se esqueceram de um detalhe, o mais importante em toda esta história: a população. Em todas as unidades de saúde, e com frequência, ecoam reclamações contra o atendimento caótico.
Já teve gente que morreu à espera de atendimento e pessoas deitadas no chão, às vezes sob goteiras, enquanto as filas se arrastam. No caso da falta de medicamentos, é unânime a reclamação entre os usuários do SUS que vão aos postos de saúde. Apesar disso, de um lado a prefeita tem a seu favor uma Câmara de Vereadores que se omite e de outro lado um conjunto de instituições assistindo a tantos desmando, mesmo tendo a atribuição de impedi-los ou até, se for o caso, apurar responsabilidades e punir todos e quaisquer responsáveis.
(foto 1) Adriane Lopes (PP), de Campo Grande-MS Foto Leonardo de França
(foto 2) Rogério Cruz (Rep), prefeito de Goiânia-GO Foto Redes Sociais
(foto 3) João Pessoa Leal (MDB), prefeito de Terezina-PI Instagram
(foto 4) José Sarto (PDT), prefeito de Fortaleza-CE Foto Fabiane de Paula
(foto 5) Edmílson Rodrigues (Psol), prefeito de Belém-PA Reprodução