É, enfim, uma cidade do não, porque é uma cidade que não tem gestão
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) foram criadas com esta denominação exatamente para prestar socorro ou assistência imediata aos doentes que não têm recursos para pagar hospital particular e dependem da rede pública.
Campo Grande, Capital de Mato Grosso do Sul, tem UPA. Mas não tem pronto atendimento. Tem posto de saúde, tem farmácia, tem telhado, tem piso, tem profissional. Mas para o paciente é tudo não. Não se pode ficar doente na cidade. Não tem acomodação para o povo que até se ajeita no chão enquanto aguarda nas filas que não andam. Não tem remédio – nem Dipirona. Os profissionais não são suficientes. Não pode chover porque a água não para de pingar das goteiras.
É, enfim, uma cidade do não, porque é uma cidade que não tem gestão. Esta semana uma das unidades que registraram esta realidade foi a UPA Leblon. Uma pessoa teve o filho atropelado por um carro. E ficou longo tempo à espera do socorro. Mais de 200 pessoas na fila. Um homem passando mal, deitado no chão frio, tossindo e escarrando.
Com os corredores lotados, uma senhora, idosa, questiona: “Como não se contaminar quando a gente vem no posto superlotado”? Num dia, uma mulher morreu aguardando atendimento. Noutro dia um homem, na região do Jardim Noroeste, foi a óbito enquanto aguardava a chegada de uma ambulância que se atrasou ao encalhar no lamaçal de uma das ruas do bairro. E todos os dias não tem remédio.
A cidade não tem gestão. A cidade tem uma prefeita. Aliás, não tem.