Após cerca de 11 horas, o segundo dia do júri popular da morte do estudante de direito Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, foi encerrado às 19h50 desta terça-feira (18). O julgamento acontece na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.
A audiência começou às 8h20 (com atraso de 20 minutos), foi interrompida para o almoço às 11h15 e retornou às 12h30. O segundo dia do júri foi encerrado às 19h50.
O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, é o magistrado que vai sentenciar Jamil Name Filho, o Jamilzinho, Marcelo Rios e Vladenilson Olmedo.
Jamil Name Filho é acusado de ser um dos mandantes do crime, que teria sido planejado pelo ex-guarda civil Marcelo Rios e o policial aposentado Vladenilson Olmedo. Os dois agentes de segurança teriam, conforme a acusação, intermediado a contratação de assassinos de aluguel. Os três estão presos desde 27 de setembro de 2019, quando foi desencadeada a primeira fase da operação Omertà.
No final Jamil Name Filho, o Jamilzinho, entou no júri para depor. Acusado começou agradecendo por estar em Mato Grosso do Sul após 4 anos e fala sobre o pioneirismo da família no estado. Ao falar da morte de pai, Jamil Name, se emocionou e faz várias pausas no depoimento.
“Não tô aqui para fazer teatro, tô aqui para falar a verdade”, disse.
De acordo com o acusado, Marcelo Rios era “guardinha” municipal e trabalhava na casa dos Names como “bico” de motorista da família. Jamilzinho, por “questão cultural do árabe”, disse que morava com os filhos e os pais juntos. O réu afirma que, por questão de respeito, a última palavra da família era de Jamil Name, o pai.
Quando questionado, o réu negou qualquer envolvimento com o jogo do bicho e disse que só trabalhou em uma empresa de promoção de loteria em Mato Grosso do Sul.
De acordo com Jamilzinho, relação dele com PX começou em 2010. Os dois teriam sido apresentados por um advogado, chamado Davi. Segundo Jamilzinho, PX recebia R$ 3 mil por mês do Major Carvalho para “aparecer” na casa de Jamilzinho.
Em relação ao pistoleiro Juanil, réu disse que nunca ouviu falar no nome dele. Para Jamilzinho, Juanil era de uma facção criminosa.
O juiz interferiu três vezes em respostas de Jamilzinho, por ele se alongar demais e não responder diretamente as perguntas. A suposta declaração famosa Jamilzinho, “vai ter matança de picolezeiro a governador”, foi citada. Ao ser questionado sobre a sentença, ele fugiu da pergunta.
“Eu fazia uso de um remédio e fiz a cirurgia bariátrica. Desde 2009, eu tive problemas pessoais, no meu casamento, guarda dos meus filhos, coisas de negócio… Eu tenho um defeito de não conseguir falar não”, disse.
Até o show de David Gueta foi mencionado. Jamilzinho afirmou que foi com PX de segurança ao evento. O caminho para convencer o júri, além de desqualificar a investigação, é plantar no pensamento dos sete jurados a ideia de que o verdadeiro alvo do crime, o pai de Matheus, Paulo Roberto Teixeira Xavier, tinha outros inimigos e qualquer um poderia ter mandado matá-lo.
“Jamilzinho” relembrou um fato passado da vida de “PX”, o pai de Matheus, quando o capitão reformado ficou preso por mais de dois anos por envolvimento em jogos de azar, na operação Las Vegas.
Outro nome lembrado pelo réu é o de Sérgio Roberto de Carvalho, chamado de “Major Carvalho”, atualmente preso na Bélgica e considerado um dos maiores traficantes do mundo, a ponto de ser chamado de o “Escobar Brasileiro.
Por fim, negou todas as acusações e disse “eu não fui mandante da morte de ninguém”, afirma Jamilzinho.