Ronaldo Cardoso, conhecido como Ronaldo da Cab, foi preso hoje no Rio Grande do Norte durante ação contra o PCC.


Ronaldo Cardoso, suplente de vereador em Campo Grande pelo partido Podemos e conhecido como Ronaldo da Cab, foi detido nesta sexta-feira (28/03) durante a Operação Chiusura, uma ofensiva nacional contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). A prisão ocorreu no Rio Grande do Norte.
A operação, liderada pela Polícia Civil do Distrito Federal, tem como objetivo desmantelar uma organização criminosa especializada em tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro. Em Mato Grosso do Sul, o núcleo da quadrilha é conhecido como “Sinaloa”, em referência ao cartel mexicano. Investigações apontam que traficantes oriundos de Goiás, atualmente radicados em Maceió (Alagoas), mantêm associação com um traficante internacional natural de Campo Grande, identificado como líder local do PCC.
Este líder, conhecido como “Especialista”, está atualmente detido na Bolívia. Em 2023, ele foi capturado com granadas de uso restrito e uma aeronave carregada com cocaína. As investigações indicam que familiares do traficante, residentes em Mato Grosso do Sul, atuam como “testas de ferro”, figurando como beneficiários de valores provenientes de traficantes do Distrito Federal e do chamado Núcleo Nordeste.
Ronaldo Cardoso, parente do “Especialista”, chegou a ficar desaparecido por dois meses, reaparecendo posteriormente. A operação cumpriu cinco mandados de prisão em Campo Grande, porém os alvos foram localizados e detidos no Rio Grande do Norte. O núcleo de Mato Grosso do Sul mantinha vínculos significativos com o estado nordestino, onde um dos investigados possui uma pousada.
Em Campo Grande, as equipes da Polícia Civil do Distrito Federal contaram com o apoio da Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). De acordo com o delegado Roberto Guimarães, seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências nas Moreninhas. Um dos locais foi a CAB (Centro de Apoio aos Bairros), associação sem fins lucrativos localizada no Bairro Moreninha 3, onde foram apreendidos documentos.
Moradores da região destacaram que Ronaldo é conhecido por auxiliar a comunidade e ser “amigo de todo mundo”, especialmente durante sua candidatura a vereador. Os entrevistados, que preferiram não se identificar, relataram que os policiais chegaram cedo ao centro.
Após um ano e meio de investigação, a Operação Chiusura cumpre 19 mandados de prisão temporária e 80 mandados de busca e apreensão. Do total, 50 são no Distrito Federal, sendo as demais ordens judiciais cumpridas em estados como Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Norte e Alagoas.
Além disso, foram determinados o sequestro judicial de 17 veículos e sete imóveis, incluindo uma casa de luxo em condomínio fechado em Goiás. Dezenas de contas bancárias foram bloqueadas, incluindo as de uma fintech sediada em São Paulo, que movimentou cerca de R$ 300 milhões em apenas três meses.
A rede adquiria drogas em áreas fronteiriças, assegurava o transporte dos entorpecentes e os distribuía no Distrito Federal e em outros estados, além de realizar complexas operações de lavagem de dinheiro. O nome da operação, “Chiusura”, significa “fechamento” ou “encerramento” em italiano, simbolizando o desmantelamento completo das atividades ilícitas investigadas.