Para atender à demanda do mercado negro, lhamas grávidas na Bolívia são abatidas ou forçadas a abortar seus filhotes
Em uma nova apreensão alarmante, a Receita Federal interceptou, nesta terça-feira (18), 25 fetos de lhama empalhados no Posto de Fiscalização Lampião Aceso, na BR-262, em Corumbá, a 416 km de Campo Grande. Segundo investigações, os animais seriam destinados à venda em São Paulo por R$ 500 cada.
Essa apreensão se soma a outras duas realizadas em Mato Grosso do Sul neste mês: no dia 31 de maio, 150 fetos de lhama foram apreendidos, e no dia 7 de junho, outros 25 foram encontrados. No total, em menos de um mês, a Receita Federal já barrou o contrabando de 200 fetos de lhama no estado.
Acredita-se que a motivação por trás do comércio ilegal dos fetos de lhama esteja ligada a uma crença popular boliviana, principalmente entre povos indígenas. Essa crença diz que enterrar um feto de lhama sob o local de construção de uma nova casa traria proteção, saúde e boa sorte aos moradores.
No entanto, essa prática supersticiosa tem um alto custo ambiental. Para atender à demanda do mercado negro, lhamas grávidas na Bolívia são abatidas ou forçadas a abortar seus filhotes, colocando em risco a sobrevivência da espécie em algumas regiões.
As lhamas são mamíferos ruminantes originários da América do Sul, encontrados principalmente na Cordilheira dos Andes, em países como Bolívia, Peru, Argentina, Chile e Equador. Altamente adaptadas à altitude e ao frio, esses animais desempenham um papel crucial no ecossistema andino.
Além de sua importância ecológica, as lhamas também possuem grande valor cultural e econômico para as comunidades locais. Sua lã é utilizada na confecção de roupas e artesanato, sua carne é consumida como alimento e seus excrementos servem como fertilizante natural.
As apreensões da Receita Federal demonstram o compromisso do órgão em combater o tráfico ilegal de animais silvestres e seus produtos derivados. No entanto, medidas mais abrangentes são necessárias para conter esse comércio nefasto e proteger as lhamas e outros animais ameaçados.
Campanhas de conscientização sobre os impactos ambientais e culturais do tráfico de animais silvestres, aliadas ao rigor da lei e à fiscalização constante, são ferramentas essenciais para combater essa prática predatória e garantir a preservação da rica biodiversidade da América do Sul.