Esquema era na “dobradinha” criminosa do tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Deflagrada em Mato Grosso do Sul e mais 16 Estados, a Operação Hades combate organização criminosa que movimentou R$ 300 milhões por meio de sofisticado esquema de lavagem de dinheiro.
Liderada pela Dracco de Alagoas (Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), a ação expediu 61 mandados em Mato Grosso do Sul, sendo 19 de prisão e 42 de busca e apreensão. O combate ao crime incluiu policiais de Campo Grande, Ponta Porã, Três Lagoas, Paranhos, Fátima do Sul, Ladário, Jardim e Corumbá. Além disso, 228 mandados de buscas e apreensão são cumpridos.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas, as investigações começaram em março de 2021 com quatro alvos – dois casais, um alagoano e outro paraense.
Foi descoberto então que os casais fazem parte da cúpula de duas grandes organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro e no estado do Pará. Aos poucos, a polícia chegou aos outros integrantes: criminosos que atuavam na origem do tráfico como fornecedores e pessoas que atuavam como fornecedores de drogas para os líderes dos dois grupos.
Um dos grupos era chefiado por um alagoano e atuava principalmente em Maceió, mas também fazia a distribuição da droga para outros municípios de Alagoas, que eram “comandados” pela facção que ele integrava.
Em MS, sob a coordenação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), foram cumpridas 36 ordens judiciais, com a prisão de 15 pessoas nas cidades de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas e Coxim. A ofensiva apreendeu veículos, armas, joias, dinheiro em espécie e drogas.
Os fornecedores da droga era de São Paulo, mas as cargas de entorpecente saiam de Mato Grosso do Sul, vindas do Paraguai e Bolívia, que são grandes produtores de drogas.
Já a segunda organização criminosa era liderada por um homem natural do Pará, mas que morou muito tempo em Alagoas. Por conta disso, estabeleceu o comando do tráfico de drogas em bairros da área nobre de Maceió, enquanto também cuidava do tráfico no Pará.
A droga que era vendida por este grupo vinha de fornecedores do estado do Amazonas, que faz fronteira com a Colômbia e o Peru, primeiro e segundo maiores produtores de cocaína do mundo, respectivamente.
Vida de luxo
Apesar dos fornecedores serem diferentes e os dois grupos atuarem de forma independente, tinham o “estilo de vida” em comum. Os integrantes também eram das mesmas facções criminosas e mantinham um esquema muito sofisticado de lavagem dinheiro para justificar uma vida de luxo.
A investigação conseguiu detectar que os dois grupos utilizavam empresas – como peixarias, aluguel de veículos, manutenção de automotores, depósitos de bebidas, de transportes de cargas, dentre outras – para disfarçar os ganhos com o tráfico de drogas. Além disso, usavam frequente as contas bancárias de pessoas próximas ou laranjas, a fim de movimentar grandes quantias de dinheiro de forma ilegal.
Muitos alvos da operação Hades ostentavam uma vida de alto padrão, com viagens, veículos de luxo e outros bens de luxo, além de possuírem residências e apartamentos em condomínios de alto padrão.
“É importante destacar que boa parte dos alvos da operação possui antecedentes criminais, inclusive, por crimes da mesma natureza dos que são objeto nesta operação. Muitos deles possuem processos em aberto na Justiça Federal. Alguns dos investigados também tem mandados de prisão em aberto pela prática de outros delitos”, secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas
Confira os estados visitados pelos policiais e quantos mandados de prisão em cada um:
- Alagoas – 27 mandados, sendo sete de prisão e 20 de busca e apreensão;
- Amazonas – 29 mandados, sendo três de prisão e 26 de busca e apreensão;
- Bahia – dois mandados de busca e apreensão;
- Ceará – 11 mandados, sendo três de prisão e oito de busca e apreensão;
- Goiás – 10 mandados de busca e apreensão;
- Mato Grosso – 13 mandados, sendo três de prisão e 10 de busca e apreensão;
- Mato Grosso do Sul – 61 mandados, sendo 19 de prisão e 42 de busca e apreensão;
- Minas Gerais – cinco mandados, sendo um de prisão e quatro de busca e apreensão;
- Pará – 40 mandados, sendo 14 de prisão e 26 de busca e apreensão;
- Paraná – um mandado de prisão;
- Pernambuco – três mandados, sendo dois de prisão e um de busca e apreensão;
- Piauí – dois mandados, sendo um de prisão e um de busca e apreensão;
- Rio de Janeiro – 11 mandados, sendo quatro de prisão e sete de busca e apreensão;
- Rio Grande do Norte – um mandado de busca e apreensão;
- Roraima – 04 mandados, sendo um de prisão e dois de busca e apreensão;
- Santa Catarina – quatro mandados, sendo um de prisão e três de busca e apreensão;
- São Paulo – 84 mandados, sendo 19 de prisão e 65 de busca e apreensão.