De 2020 para 2021 a taxa de mortes de homens jovens no estado cresceu 37,2%, atrás apenas da alta verificada no Amazonas e Rondônia, estados que vivenciam guerra entre facções criminosas
O “Atlas da Violência” divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Aplicadas), nesta semana, coloca Mato Grosso do Sul na condição de terceiro estado com maior aumento de homicídios de homens jovens, entre 15 e 29 anos. A comparação é entre os anos de 2020 e 2021 e indica uma quebra na redução das mortes violentas que vinha sendo verificada.
O documento aponta que de 2020 para 2021 a taxa de mortes de homens jovens no estado cresceu 37,2%, atrás apenas da alta verificada no Amazonas e Rondônia, estados que vivenciam guerra entre facções criminosas.
No Amazonas, a taxa de homicídios de homens jovens cresceu 48,7% em 2021 e em Rondônia a alta foi de 41%.
Confira o gráfico com as taxas de crescimento abaixo
Vidas perdidas na juventude
Conforme o documento, no Brasil a violência é a principal causa de morte dos jovens. Em 2021, por exemplo, de cada 100 jovens entre 15 e 29 anos que morreram no país por qualquer causa, 49 foram vítimas da violência letal.
Dos 47.847 homicídios ocorridos em todo país neste mesmo ano, 50,6% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos, percentual que corresponde a 24.217 mortes. A média é de 66 assassinatos de vítimas na citada faixa-etária por dia.
Em Mato Grosso do Sul, segundo o estudo elaborado pelo Ipea, em 2021 ocorreram 208 mortes de homens jovens no Estado. A taxa por cem mil habitantes, como é medida a violência, ficou em 60,3, abaixo da média nacional, de 91,2, porém em crescimento no último ano considerado pela pesquisa.
Essa alta vai na contramão do resultado apurado pelo “Atlas da Violência” para o contexto geral de mortes violentas entre 2011 e 2021. Neste intervalo de tempo, houve redução da letalidade.
A taxa de casos de assassinatos por 100 mil habitantes, que era de 27,2 em 2011, caiu para 19,4 em 2021. Esse índice havia baixado a 17,5 em 2020, ou seja, depois de anos de descida, a perda de vidas de forma violenta voltou a ampliar-se no estado.
Não há como falar do tema no Estado nos últimos anos sem mencionar a guerra entre quadrilhas, liderada por facções surgidas nos presídios, que punem com a morte quem sai fora da cartilha clandestina de regras, ou quem é inimigo.