Deflagradas pela Polícia Federal (PF) em maio deste ano, as operações Sordidum e Prime desmantelaram três organizações criminosas que operavam, especialmente, em Mato Grosso do Sul.
O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia, decorrente da Operação Prime, contra 14 investigados por organização criminosa, tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro em um esquema que movimentou mais de R$ 100 milhões em quatro anos.
As investigações tiveram início no final de 2020 e se estenderam até maio deste ano, concentrando-se, sobretudo, entre os municípios de Dourados e Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
De acordo com o processo, os 14 investigados são: Marcel Martins Silva, Valter Ulisses Martins Silva, Carlos José Alencar Rodrigues, Marinelli Martins, Claudinei Tolentino Marques , Ancelmo da Silva Júnior, Mario David Distefano Fleitas, Hector Rodrigo Salinas Esquivel, Eder Mathias Bocskor, Wagner Germany, Paulo Antonio da Silva Viana, Vagner Antonio Rodrigues de Moraes, Elisangela de Souza Silva dos Santos e Paulo Henrique de Faria
Os líderes do grupo são dois irmãos, que possuíam grande influência na região e uma requintada loja de acabamentos de construção civil, empregada como pilar do branqueamento de capitais.
Segundo a denúncia, a organização criminosa mantinha contato com organizações independentes, inclusive com o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. O caráter transnacional do bando também se revelou por transações financeiras efetuadas por meio de doleiros paraguaios e do tráfico de drogas provenientes de países como Peru, Bolívia e Paraguai. Além disso, parte dos recursos ilícitos obtidos se destinava ao Paraguai, sendo entregues em casas de câmbio em Pedro Juan Caballero.
Os irmãos ainda se utilizavam das casas de câmbio para injetar recursos ilícitos nas empresas por eles controladas, pagar fornecedores de drogas, adquirir bens, dentre outros. Um deles estava cumprindo pena por tráfico de drogas em decorrência da Operação Enigma, ocorrida em 2017. Pelo menos nove empresas eram utilizadas no esquema, dentre elas quatro construtoras e uma transportadora. As investigações apontaram que a organização operava com dois núcleos: lavagem de capitais e logística. Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, a polícia apreendeu três cargas de cocaína pertencentes ao bando, totalizando cerca de meia tonelada da droga.
Entre os denunciados consta a proprietária de um escritório de contabilidade em Dourados (MS), responsável por ocultar a origem ilegal dos recursos, orientando seus clientes para tanto e fraudando os dados contábeis e fiscais das empresas dos irmãos. As investigações apontaram que os dois levavam uma vida de alto padrão, possuindo diversos imóveis urbanos e rurais, veículos de luxo, empresas e criação de gados. A operação ainda levou à prisão de proprietário de loja de armas em Dourados, que já havia sido objeto de outras investigações criminais.
Durante a operação, também foram apreendidos telefones celulares, computadores e documentos com planilhas que, junto aos áudios obtidos pelas interceptações telefônicas durante a fase de investigação, mostraram o poder financeiro do bando, os contatos no Brasil e em países vizinhos, sobretudo no Paraguai, e um intrincado esquema de lavagem de dinheiro.
Operações Sordidum e Prime
Deflagradas pela Polícia Federal (PF) em maio deste ano, as operações Sordidum e Prime desmantelaram três organizações criminosas que operavam, especialmente, em Mato Grosso do Sul. Ao todo, foram cumpridos 64 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de prisão temporária em vários estados, além do sequestro de 90 imóveis e o bloqueio de bens e valores de aproximadamente 80 pessoas e empresas envolvidas no esquema. De acordo com as investigações, os grupos remetiam drogas a países da América Central. Em três anos, os criminosos transportaram pelo menos seis toneladas de cocaína.