Homem de 42 anos, passou por momentos de tensão ao ser sequestrado durante roubo de um Chevrolet Prisma, de cor chumbo, na madrugada de domingo (10). Ele foi levado para a Bolívia por três indivíduos e ficou em cárcere em uma residência.
Durante entrevista ao Diário Corumbaense, o homem, que pediu para não ser identificado, contou que trabalha como motorista de aplicativo nas horas vagas e estava esperando corrida na madrugada, em frente a uma casa de eventos, na rua José Fragelli, esquina com a Alameda Laura Martins Pinheiro, parte alta de Corumbá, quando quatro indivíduos apareceram e solicitaram uma corrida. Durante o trajeto, um desceu e ficaram três no veículo.
“Foi quando eles me renderam. Um colocou uma faca no meu pescoço, outro na região do abdômen e acho que uma arma de fogo nas minhas costas. Eles trocaram de lugar, me colocaram no banco do carona na frente e baixaram o assento. Não consegui ver mais nada, apenas umas luzes. Quando me levantaram, já estava na Bolívia”, relatou o motorista acreditando que as luzes que viu foi quando passou pelo Posto de Fiscalização Esdras, que fica na linha internacional entre os dois países.
Ainda no automóvel, ele se recorda que os autores tentaram vender o carro das 02h às 04h. “Eu permaneci no banco do passageiro, sem reagir, sem esboçar nenhum movimento, enquanto eles iam oferecendo o carro. Comecei a passar mal, a querer vomitar, quando decidiram me levar para uma casa, bem humilde, me colocando em um quarto com uma cama”, relatou. Havia moradores na residência, porém, pelo o que percebeu, não sabiam o que estava acontecendo.
A vítima ficou sendo vigiada por dois dos envolvidos, enquanto o terceiro saiu para vender o carro. “Eu fiquei bem quieto na cama e eles olhavam pela fresta na porta. Me lembro muito bem que durante aquelas horas do roubo, um deles queria me matar, mas o que estava no ‘controle’ dizia que não, era para esperar.”
A vítima disse que permaneceu na casa até umas 06h, quando, junto com os autores foi para Puerto Quijarro, onde por volta das 08h30, o carro foi vendido. “Eles conseguiram vender o carro para um boliviano. Eu permanecia calado, quando então, eles disseram que iriam me liberar. Me colocaram em uma mototáxi boliviano, eles também subiram em mototáxis para me acompanhar, mas, durante o trajeto, desviaram e o mototáxi que me trouxe, me deixou na fronteira”, disse a vítima, revelando ainda que celular e a carteira dele foram devolvidos. “Disseram que estavam me devolvendo (os pertences) por ter ‘colaborado’ com tudo”, completou.
Chorando, o motorista disse que a todo momento pensou o pior. “Eu orava muito, ainda mais quando estava na casa onde me colocaram. Não podia fazer nada, só pensava na minha filha e na minha esposa e que não poderia perder a minha vida por um carro. Claro, é revoltante, pois ver seus bens conquistados sendo levados é ruim, nunca tive um registro pela polícia, nada. Mas ainda bem que mantive a calma”, frisou, acreditando que foi por conta disso que foi liberado.
Já em Corumbá, o motorista de aplicativo procurou a Delegacia de Polícia Civil, onde o caso foi registrado como “extorsão mediante sequestro”, boletim de ocorrência 1213/2024, ao qual o Diário Corumbaense teve acesso.
Veículo recuperado
A reportagem entrou em contato com a Diprove (Direção de prevenção a roubo de veículos) de Puerto Suárez, Bolívia, e foi informada que o veículo foi recuperado e levado para a delegacia. A devolução será realizada após a apresentação das documentações exigidas.
“Agora estou nos trâmites de devolução do meu carro. A Polícia Civil, disse que irá entrar em contato com a polícia boliviana, para ver o que será necessário para que meu carro seja devolvido”, finalizou a vítima.