Fuga de presos colocou em xeque sistema prisional que vigora há anos sem ajustar-se aos novos tempos
O episódio ocorrido em Mossoró (Rio Grande do Norte) na quarta-feira, 14, escancarou as fragilidades do sistema penitenciário brasileiro. Dois detentos de alta periculosidade fugiram do Presidio Federal e até agora não foram localizados. Foi a primeira fuga de presos desde a implementação do sistema penitenciário federal há 18 anos.
Os investigadores trabalham com a possibilidade de falha humana ou cooptação. O Ministério da Justiça e Segurança Publica está tomando várias providências, mas não consegue tirar dos olhares da sociedade as provas da existência de falhas até então inimagináveis para este modelo de reclusão.
Inaugurada em julho de 2009, a Penitenciária Federal de Mossoró tem capacidade para 208 homens e tem cobertura sobre uma área de 13 mil metros quadrados. Construída para isolar os bandidos mais perigosos e impedir sua influência sobre outros detentos, a prisão está sob a gestão do Ministério da Justiça.
REFORÇO
O presídio tem atualmente 68 reclusos entre os quais Fernandinho Beira-Mar, transferido para lá em janeiro deste ano após um rodízio com outro líder do Comando Vermelho, Marcinho VP. Na quinta-feira, 16, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou novas medidas para reforçar a segurança nos cinco presídios federais.
Entre as medidas estão a construção de muralhas, a ampliação dos sistemas de alarmes, aumento no contingente dos agentes de segurança e aperfeiçoamento do sistema de controle de entradas nos presídios, com aparelhos de reconhecimento facial. O ministro classificou a fuga como um “episódio fortuito”. Ele atribuiu o caso a uma reforma que está sendo feita no presídio.
“Os presídios federais são absolutamente seguros. Todos podem continuar confiando nesse sistema”, ressaltou Lewandowski. Ele também afirmou que as prioridades da pasta são a recaptura dos fugitivos e a apuração de eventual falha administrativa ou omissão. Ele afastou a direção do estabelecimento penal.
Os foragidos Deibson Cabral Nascimento, 33, e Rogério da Silva Mendonça, 35, têm recheadas fichas criminais que incluem sequestros, assaltos, latrocínios e envolvimento com organizações criminosas. Os dois são ligados ao Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na unidade federal de Mossoró.
Os fugitivos: ficha criminal extensa e ligação com Comando Vermelho Reprodução