Conforme o relato, o casal sempre brigava após ingerir bebidas alcoólicas; Willames Monteiro dos Santos foi preso em flagrante pela Polícia Militar
“Quando eu falei: ‘Pensa nos teus filhos, pelo amor de Deus, tem misericórdia’, aí que meio que deu um ‘tchan’ nele. Aí ele… Quando falei dos filhos, ele puxou o freio de mão, desceu do carro, voltou para trás, botou a mão na cabeça e olhou a situação”, testemunha do feminicídio.
O trecho acima é de quem testemunhou os últimos minutos de vida de Andressa Fernandes Teixeira, morta pelo companheiro, Willames Monteiro dos Santos, na noite de sábado (20), em Campo Grande.
Segundo o relato, o casal começou a ingerir bebidas alcoólicas no período da tarde e horas depois começou a discutir. Essa sequência de álcool e briga já era conhecida da vizinhança que preferia não “meter a colher”, na esperança de que Andressa e Willames se entendessem. “Mas dessa vez não foi assim, foi uma fatalidade dessa vez”.
Saí de casa para pegar uma pizza e falei com ela, ela estava meio chorosa, sentada no pé do portão. Quando voltei para casa escutei barulho do motor do portão fazendo força, mas não deu conta de levantar, porque ela estava sentada na barra do portão. O portão estourou por causa do motor. Ele deu ré no carro, ergueu o portão, ergueu ela com a bunda do carro e foi saindo dando ré. Eu comecei a gritar pelo amor de Deus para ele parar, ele ignorou, mandou eu não me intrometer, continuei gritando, falando que ele ia matar ela, pelo amor de Deus. E ele não cedia, ela não parava”.
Quando não tinha mais como o motorista andar em marcha ré porque estava prestes a bater em uma árvore, ele acelerou para frente. “E eu falando que ela tava debaixo do carro, gritando desesperada.Ele arrancou o carro para frente e continuou arrastando ela. E eu gritando: para esse carro que você vai matar ela, e ele não parava”.
Ainda conforme o relato, ele só parou quando ouviu falar dos filhos. Naquele momento, a raiva que o cegava parece ter diminuído e ele, enfim, conseguiu enxergar a situação: Andressa estava morta, os filhos, de 11 e 3 anos, tinham presenciado a cena e estavam desesperados e ele seria preso.
“Ele queria entrar no carro de novo, os vizinhos seguraram ele para não entrar no carro, porque ele queria tirar o carro de cima dela. Não sei se ele queria fugir, se ele queria tirar o carro”.
Willames não fugiu, mas parentes dele foram ao local e tiraram o veículo, antes mesmo da chegada do socorro e sob os protestos da vizinhança.” Aí ele ficou ali, botava a mão na cabeça. Ele vinha e falava para mim: ‘Olha o que eu fiz!’”
Quando os bombeiros chegaram e pediram para Willames sair de perto, ele não quis obedecer à ordem e começou a discutir. Outro bombeiro deu um mata-leão nele e ele foi colocado no camburão da Polícia Militar que havia acabado de estacionar no local.
Andressa está sendo velada na Capela da Pax Mundial, na Avenida Ernesto Geisel. A cerimônia para despedida começou neste domingo às 19h e conta com a presença de amigos e familiares de Andressa, que dão adeus à mulher, sem acreditar no que aconteceu.
O sepultamento será às 9H30, no Cemitério Jardim da Paz, localizado na BR-060, saída para Sidrolândia, em Campo Grande.