Mais uma para encerrar o ano desastroso do ex-prefeito, tanto politicamente como moralmente
Ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD), denunciado por crimes de importunação sexual, assédio e favorecimento à prostituição, terá que entregar o celular à polícia, após decisão judicial. Marquinhos tem o prazo de 5 dias para entregar o aparelho assim que for citado judicialmente, o que deverá ocorrer na volta do judiciário a partir de 9 de janeiro de 2023.
De acordo com a juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara do Crime de Campo Grande, determinou no dia 16 de dezembro a entrega dos aparelhos celulares de Marquinhos Trad.
O processo tramita em sigilo. Se a entrega não for realizada após a citação, o ex-prefeito pode ser alvo de mandado de busca e apreensão. A decisão judicial atende ao pedido da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, que solicitou busca e apreensão de eletrônicos na residência de Trad, tais como celulares e notebooks.
Ainda foi feito pedido da quebra do sigilo de dados telefônicos e telemáticos da linha utilizada pelo ex-prefeito, assim como da conta oficial de Trad na rede social Instagram. A partir do aparelho, é possível identificar, além das conversas, as localizações do ex-prefeito.
Além disso, no pedido são solicitadas informações sobre a linha telefônica e o compartilhamento de provas entre três inquéritos policiais que investigam Marquinhos Trad.
RETROSPECTIVA
Mais uma para encerrar o ano desastroso do ex-prefeito, tanto politicamente como moralmente. Desde que renunciou ao cargo de prefeito em 2 de abril, para se aventurar a disputar o governo, ele começou a sofrer uma série de críticas, que vão desde a iminente falência de Campo Grande, do ponto de vista fiscal e 9 mil agentes públicos nomeados por ele na prefeitura, que hoje causam dor de cabeça na prefeita Adriane Lopes. E seu resultado pífio na disputa pela cadeira do Parque dos Poderes, ficando no irrisório sexto lugar. Quando ele deixou a prefeitura, cargo a que teria direito até dezembro de 2024. Ele disse que ia enfrentar a disputa influenciado por seus eleitores, que o queriam vê-lo governador.
No dia 8 de novembro ele foi denunciado por crimes sexuais contra sete mulheres, pela prática de crimes de assédio sexual, importunação sexual e favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual. A denúncia do Ministério Público do estado (MPMS) foi encaminhada à Justiça.
A peça enviada pelo MPMS à Justiça aponta que Marquinhos foi denunciado por fatos envolvendo 7 mulheres, número maior do que o de indiciamentos que a Polícia Civil fez – que era de 3 e André Patrola, contra outras três.
Pelo crime de assédio sexual, Marquinhos Trad foi denunciado uma única vez. Pelo crime de importunação sexual, foram três denúncias de vítimas, e pelo favorecimento à prostituição, outras três vítimas. Patrola teria praticado favorecimento à prostituição contra outras três vítimas. Entre elas, duas também foram vítimas de Marquinhos Trad.
Marquinhos agora está sujeito a uma pena que varia de 1 ano a 2 anos de prisão pelo crime de assédio sexual; de 2 anos a 5 anos de prisão pelo crime de importunação sexual (praticado três vezes); e de 2 anos a 5 anos por favorecimento à prostituição (praticado três vezes).
Pelo crime de assédio sexual, Marquinhos Trad foi denunciado uma única vez. Pelo crime de importunação sexual, foram três denúncias de vítimas, e pelo favorecimento à prostituição, outras três vítimas. Patrola teria praticado favorecimento à prostituição contra outras três vítimas. Entre elas, duas também foram vítimas de Marquinhos Trad.
Patrola, se condenado pelas três acusações de favorecimento à prostituição, estará sujeito a uma pena que varia de 2 anos a 5 anos de prisão.
A denúncia foi distribuída, por prevenção, à 3ª Vara Criminal. Cabe agora ao Judiciário decidir se os acusados tornam-se réus ou não.
Pelo trâmite legal, a denúncia será avaliada pela juíza titular 3ª Vara Criminal, Eucélia Moreira Cassal. Só o inquérito policial tem 1.650 páginas, contendo depoimentos das denunciantes, das testemunhas, peças da perícia e o interrogatório do investigado na Polícia Civil.
O promotor responsável pelo caso, Alexandre Capiberibe Saldanha, não quis se pronunciar, alegando o sigilo do caso.