Processo derivado da fase 3 da operação Omertà entra em fase decisiva, com a confirmação das acusações do Gaeco contra Fahd Jamil, o filho Flavio Jamil Georges, Jamilzinho e mais 14 pessoas, entre elas policiais
Na reta final do processo da operação Omertà por organização criminosa, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) reforça o pedido de condenação de Fahd Jamil, mais conhecido como o Rei da Fronteira, do seu filho Flávio Correia Jamil Georges e de Jamil Name Filho.
No dia 18 de junho de 2020, a operação Omertà, de combate a máfias atuantes em Mato Grosso do Sul durante décadas, viveu um dia histórico, com a realização de diligência na mansão inspirada na casa de Elvis Presley, pertencente a Fahd Jamil, conhecido, tamanha sua influência na região em que Brasil e Paraguai se confundem, entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.
A tentativa de prisão foi frustrada, pois ninguém foi encontrado na casa, gerando a suspeita de vazamento da operação.
Fahd, que teve prisão preventiva decretada na época, só se entregou quase um ano depois, em Campo Grande, onde chegou de avião. Ficou preso poucos dias e depois passou à prisão domiciliar, em razão da condição de saúde. No momento, não está sob qualquer medida cautelar de restrição da liberdade.
Agora, três anos e meio depois, Fahd e mais 16 pessoas tiveram a condenação solicitada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), na etapa final da ação derivada da Armageddon, a fase 3 da operação Omertà, colocada nas ruas três anos e meio atrás. O documento foi assinado no dia 16 de janeiro.
Inicialmente, o número de investigados era de 20, mas no transcurso do processo, houve duas mortes, de Jamil Name, compadre de Fahd Jamil, e de Thiago Machado Abdul Ahad, investigado como pistoleiro das milícias armadas, que morreu em confronto com a polícia de Santa Catarina.
Um terceiro réu, Melciades Aldana, o “Mariscal”, nunca foi localizado nem para citação, por isso a ação foi desmembrada e suspensa em relação a ele.
O filho de Fahd Jamil, “Flavinho”, apresentou defesa durante o processo, mas nunca compareceu. Ele é foragido da Justiça, pois tem mandado de prisão em aberto.
Em sua manifestação final na instrução processual, de quase 700 páginas, o Gaeco acusa os envolvidos de formar uma organização criminosa, com vistas a eliminar adversários e desafetos pessoais e nos negócios. Para isso, outros ilícitos penais são apontados, da corrupção de policiais ao tráfico de armas e ainda violação de sigilo funcional de agentes públicos de segurança para prestar serviços ao grupo criminoso.
Para o Gaeco, ficou comprovado pela Omertà a existência de duas organizações criminosas, que agiam em espécie de consórcio, uma chefiada pela família Name, em Campo Grande, e outra sob tutela dos Jamil Georges.
Essa segunda é o alvo da ação que agora caminha para os passos finais.
“O acervo probatório dos autos revelou a existência de uma outra organização criminosa, com a base na cidade de Ponta Porã/MS, liderada pelos réus Fahd Jamil (“Fuad”) e Flávio Correia Jamil Georges (“Flavinho”), que apoiava/auxiliava a organização criminosa liderada por Jamil Name(“JN” e/ou “Velho) e Jamil Name Filho (“Jamilzinho” e/ou “Guri”), Gaeco em peça processual.
O Gaeco cita que os trabalhos foram desenvolvidos com as mais varias técnicas, para recolher provas. Além do compartilhamento de informações das fases anteriores da Omertà, quando foram presos os integrantes da milícia chefiada pela família Name, foram adotadas uma série de providências, como elenca a peça processual:
“Afastamento de sigilo bancário/fiscal, trocas de informação com outras unidades policiais e de inteligência, vigilâncias, entrevistas, reconhecimentos operacionais, requisição de documentos, entre outros”, Gaeco.
A partir da apresentação da peça final da acusação, as defesas dos 17 réus terão prazo para manifestar seus argumentos contrários às suspeitas levantadas pelo Gaeco.