Ao todo, três pessoas estão presas por envolvimento em sequestro de bancários, na capital
Contraditórios e cheios de “explicação”. Assim são os depoimentos dos três homens presos pelo sequestro de dois bancários em Campo Grande. Mas o que mais chama atenção, é a afirmação de que o alvo do crime, o gerente de uma agência da cidade, participou de grande parte do esquema.
A afirmação veio do último suspeito preso: Jhonatan Kelvin da Cunha de Souza, o JS PCC, de 29 anos. Ele foi encontrado na quarta-feira, dia 11 de outubro, no Bairro Nova Lima.
Os policiais do Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) chegaram ao nome dele depois da prisão dos dois primeiros suspeitos: Caio Fábio Santos Felipe e Moises dos Santo Parras, de 30 e 20 anos, no dia 9 de outubro.
No celular de Caio, conhecido como “El Tanque”, os policiais encontraram conversas sobre o crime com Jhonatan e, por isso, começaram as buscas por ele.
Preso em flagrante, JS PCC confessou ter participado de “parte” do crime. Contou que, em uma viagem a São Paulo, conheceu pessoas ligadas a um grupo criminoso e, semanas depois, recebeu a ligação de um deles com uma proposta: ajudar a encontrar um gerente para um novo golpe.
A ideia era instalar um “modem” no computador do bancário e, com ele, conseguir fazer transferências.
Sem ter quem indicar, JS PCC procurou Caio, o El Tanque. Segundo o suspeito, foi ele quem indicou a vítima. No começo, alegou que o gerente aceitou participar e chegou a seguir o passo a passo para a instalação do aparelho, ensinado em um vídeo pelo criminoso paulista.
Dias depois, no entanto, o grupo foi avisado que, para o plano dar certo o cartão de acesso do gerente deveria ser enviado a São Paulo. A partir desse momento, o homem negou ajudar os criminosos.
Na versão de JS, para ajudar a convencer os comparsas, o criminoso paulista mandou até um vídeo com uma grande quantidade de dinheiro. O nome do gerente e de Caio apareciam em cima. Porém, nem isso teria sido suficiente. Com a negativa do bancário, ele desistiu do crime, mas Caio não.
JS PCC afirmou que Caio organizou todo o sequestro e que no dia do crime, pediu ajuda para falar com o criminoso paulista. A intenção era conseguir as passagens para ir a São Paulo.
Ele ajudou e chegou a enviar R$ 50 para o amigo comprar comida para os reféns, mas em momento nenhum confessou ter feito parte do plano.
O outro lado
Caio deu uma versão bem diferente. Falou que recebeu a proposta de participar do crime por telefone, três dias depois de ir até a agência bancária e abrir uma conta com o mesmo gerente que sequestrou.
De início não aceitou, mas começou a receber fotos e vídeos da esposa e dos filhos, Com medo, resolveu fazer o que mandavam. Primeiro, foi até o banco e inventou uma história para que o gerente enviasse e-mails para ele.
Depois deu acesso aos bandidos, mas descobriu que o plano de invadir o sistema não tinha funcionado. Por causa disso, foi orientado a sequestrar a vítima e pegar dela apenas o cartão.
Mais uma vez, por telefone, recebeu o endereço do alvo e a ordem para contratar ajudantes. Convidou então Moises dos Santo Parras e conseguiu uma carona de um segundo conhecido até a casa da namorada do gerente.
Para a polícia, Caio falou que os bandidos sabiam de tudo da vítima e que fez como pediram. Inclusive gravou um vídeo em que o gerente assumiu saber de tudo e fazer parte do esquema.
Depois, com o cartão nas mãos, foi para o aeroporto de Campo Grande, mas foi avisado de que o voo só sairia no fim do dia. Por isso foi para casa, enquanto o comparsa cuidava dos reféns, mas antes de viajar, foi preso em flagrante.
Nesse momento, Moises já estava preso. Isso, porque quando Caio abordou o casal, o gerente não estava com o cartão de acesso e, por isso, foi forçado a ir até a agência que trabalhava enquanto a namorada ficava com os reféns. Ele seguiu as ordens, mas dentro do banco, conseguiu avisar que tinha sido sequestrado.
O Garras foi avisado e não demorou para encontrar os criminosos. Com a dupla presa, o gerente revelou que reconheceu Caio porque meses antes ele esteve na agência e abriu uma conta poupança com ele. Entregou para polícia, inclusive, e-mail com todos os documentos do bandido.
Foi assim que Caio acabou localizado e preso em flagrante.
Os três suspeitos já passaram por audiência de custódia e tiveram a prisão preventiva decretada por extorsão mediante sequestro. As investigações em busca dos outros envolvidos no esquema criminoso continuam.